O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-chefe de Estado colombiano César Gaviria , nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro.
As atuais políticas antidrogas da América Latina, que privilegiam a repressão à produção, foram insuficientespara reduzir o narcotráfico na região, o que torna necessário dar mais ênfase no combate ao consumo de drogas, admitiram nesta quarta-feira ex-presidentes de Brasil, Colômbia e México.A advertência foi feita pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México) durante o ato de instalação no Rio de Janeiro da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia. Este grupo, integrado por 18 personalidades da região, se propõe a elaborar um documento com recomendações para os países da região, após as reuniões de hoje, no Rio de Janeiro, em setembro, na Colômbia e em janeiro de 2009, no México.A Comissão inclui desde ex-chefes de Estado até escritores como Mario Vargas Llosa, Tomás Eloy Martínez e Paulo Coelho, ex-juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos e destacados jornalistas de várias nações.
Zedillo, que não pôde vir ao Rio de Janeiro e participou do evento através de uma videoconferência, assegurou que o problema das drogas não melhorou na região, mas se agravou em alguns países.O ex-governante mexicano, que foi um dos impulsores da Cúpula contra as Drogas que a ONU organizou em junho de 1998, admitiu que foi "inadequado" o enfoque adotado quando se privilegiaram os acordos internacionais para combater a produção de drogas."Chegou o momento de fazer uma revisão profunda das atuais políticas diante da falta de resultados", disse."O controle das drogas continua sendo necessário, mas os esforços devem ser concentrados no consumo, que é o principal componente do problema", disse Gaviria, cujo Governo teve que combater o terrorismo do Cartel de Medellín e terminou oferecendo benefícios aos narcotraficantes para submetê-los à justiça.
Os três ex-líderes concordaram que os números mostram o aumento do consumo não só nos grandes mercados, mas também na região, e que as drogas estão cada vez mais acessíveis, mais puras e com preços caindo.Concordaram também que os países da região devem manter suas políticas de repressão, mas também precisam adotar políticas alternativas para tentar reduzir o consumo, incluir à sociedade civil nestes esforços e recuperar a confiança da população.Além dos três ex-governantes, a comissão é integrada, entre outros, pelo ex-vice-presidente da Nicarágua Sergio Ramírez, o ex-prefeito de Bogotá Antanas Mockus e a juíza Patricia Llerena, titular da Câmara do Tribunal Oral Criminal de Buenos Aires.Também fazem parte do grupo o ex-ministro-chefe do gabinete militar do Brasil, general Alberto Cardoso, o ex-chanceler peruano e vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos Diego García Sayán e a ex-embaixadora costarriquenha e ex-juíza da Corte Interamericana de Direitos Humanos Sonia Picada Sotela.A comissão ainda é integrada por Alejandro Junco, diretor do diário mexicano "Reforma", a jornalista Ana María Romero de Campero, primeira Defensora do Povo da Bolívia, o escritor mexicano Enrique Krauze e Enrique Santos Calderón, diretor do jornal colombiano "El Tiempo".Segundo Fernando Henrique, após as reuniões que a comissão realizará no Brasil, na Colômbia e no México, os membros do grupo também poderão se encontrar nos Estados Unidos, no início do próximo ano, para realizar um "debate de pontos de vista" aparentemente contrários.
Com informações da EFE
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