O longa-metragem italiano “Sangue pazzo”, de Marco Tullio Giordana, foi recebido na noite de segunda-feira (19) em Cannes com uma entusiasmada salva de palmas ao final da sessão, da qual participaram convidados, jornalistas e também o elenco do filme, que inclui a estrela Monica Bellucci e o ator Luca Zingaretti.
O filme reconta a história de dois dos mais importantes atores do cinema italiano dos anos 40, Osvaldo Valenti e Luisa Ferida. Acusado de colaborar com o regime fascista, o casal foi executado pelos chamados “partigiani” (integrantes da resistência armada) após o fim da Segunda Guerra Mundial. Com ares de superprodução, o longa impressiona pela fotografia e, principalmente, o desempenho de Bellucci e Zingaretti. Este último faz um Osvaldo Valenti esnobe e fanfarrão, mas também decadente à medida que vai se entregando ao vício da cocaína e aos caprichos do governo fascista. Já Monica, belíssima, confere à personagem a imponência e a elegânica necessárias para uma estrela de cinema da época, mas com uma profundidade e um caráter fortes herdados no sangue italiano.
Pontuado por imagens de arquivo da Segunda Guerra na Itália, período em que o governo do país colaborou com os nazistas de Adolf Hitler, o filme ajuda a compreender os conflitos entre os fascistas de Mussolini, o comando militar conhecido como a Décima e os “partigiani” da resistência. Para quem gosta do gênero - dramas históricos grandiosos -, não há dúvidas de que os aplausos a “Sangue pazzo” foram mais do que merecidos.
Pelo menos dois outros filmes italianos que integram os programas oficiais do Festival de Cannes têm também como tema questões políticas ainda latentes no país. Em “Gomorra”, exibido neste domingo no festival, o foco é a violenta máfia napolitana conhecida como Camorra. Baseado em um livro reportagem de mesmo nome, o filme expõe as disputas internas e a brutalidade dos integrantes da facção criminosa, formada por italianos e descendentes de árabes do sul do país.Ao contrário do que se costuma ver em filmes de máfia, em sua maioria ainda presos ao imaginário dos chefões do século passado, o filme de Matteo Garrone está muito mais próximo de um filme como o brasileiro “Cidade de Deus”, mostrando a realidade contemporânea de jovens que, criados em meio à violência, vêem nas armas e nas gangues uma forma natural de passagem para a idade adulta.
Outro da safra atual de filmes políticos é “Il Divo”, de Paolo Sorrentino. Programado para ser exibido pela primeira vez nesta quarta-feira em Cannes, o longa traça um perfil do controverso primeiro ministro italiano Giulio Andreotti, eleito sete vezes para o cargo e acusado de ligações escusas com a máfia italiana.
Diego Assis, do G1, em Cannes
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