sexta-feira, 23 de maio de 2008

Napolitano: "Capaci foi um ataque terrível às instituições do Estado"

ROMA - Dezesseis anos atrás, a "bárbara emboscada de Capaci", na qual foram assassinados o juiz Giovanni Falcone, sua mulher Francesca Morvillo (foto ao lado) e os agentes de sua escolta, significou "um terrível ataque às instituições do Estado" por parte da máfia, ao qual, porém, o Estado "soube reagir adequadamente" no sentido da unidade. "As imagens da carnificina - disse o presidente da República, Giorgio Napolitano, em uma mensagem enviada a Maria Falcone, presidente da Fundação Giovanni e Francesca Falcone, por ocasião do 16° aniversário do atentado - permanecem inapagáveis na memória dos italianos e renovam a angústia e o alarme daquele dia, no qual a máfia golpeou um magistrado de excepcional talento e coragem".

A TRAGÉDIA - Falcone, um siciliano, trabalhava em Roma. Estava licenciado da magistratura e à disposição do Ministério da Justiça, onde preparava projetos de lei antimáfia. Foi o único magistrado a desvendar a máfia siciliana e processar seus chefões e principais operadores.

Quando desvendou a organização e identificou os seus líderes, Falcone fazia parte do "pool" de magistrados antimáfia. Esse "pool" tinha sido criado pelo magistrado Rocco Chinnici, fuzilado pela máfia em julho de 1983, junto com dois carabineiros da escolta. Morreu, também, o porteiro do prédio onde morava, pois Chinnici foi fuzilado ao ingressar no prédio onde morava.

Com a morte de Chinnicci, o "pool" passou a ser comandado por Antonino Caponetto, que deu toda a força para Falcone ir a fundo nas apurações.

O Fiat-Crona era dirigido pelo próprio Falcone, que tinha paixão pelo volante. O motorista ficou no banco de trás e, por isso, salvou-se. Os petardos atingiram em cheio o Fiat da escolta, de cor azul. Falcone morreu às 19h05 no hospital Civico Benfratelli de Palermo, depois de parada cardíaca e insucesso dos médicos na tentativa de reanimá-lo. Francesca, sua esposa, morreu no próprio local. O telecomando foi acionado por Giovanni Brusca, da Colina de Capaci (uma elevação próxima à auto-estrada A/29, na cidade de Capaci). A auto-estrada era a que ligava o aeroporto de Punta Raisi (hoje chamado Falcone-Borsellino) a Palermo.

A Cosa Nostra mandou colocar 500kg de dinamite num duto subterrâneo de escoamento de águas pluviais que cortava a auto-pista da rodovia por onde passaria Falcone e a esposa Francesca Morvillo, também juíza.

A cratera aberta com a explosão tinha 3,5 metros de profundidade e 14,3 metros de diâmetro.



Com informações do Corriere della Serra
Parte do texto de autoria de Wálter Fanganiello Maierovitch

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