quarta-feira, 28 de maio de 2008

Rã crucificada causa polêmica em museu na Itália

A escultura do artista alemão Martin Kippenberger, que causou polêmica por retratar uma rã verde crucificada como Jesus Cristo, permanecerá exposta no museu de Bolzano, no norte da Itália, apesar de o governador local ter pedido que a obra fosse retirada por ofender os católicos. A escultura chama-se Primeiro os Pés ("Zuerst die Fusse", em alemão), tem um metro de altura e é feita de madeira pintada de verde. Ela retrata uma rã crucificada que, em uma das "mãos", segura um ovo e, na outra, uma jarra de cerveja.

A obra de Kippenberger é de 1990 e já conhecida. Mesmo assim, sua exposição como parte da mostra Olhar Periférico e Corpo Coletivo, que inaugurou o novo museu de arte moderna e contemporânea da cidade de Bolzano, na região do Tirol, na Itália, no fim de semana passado, recebeu fortes críticas. A escultura serviu como uma espécie de introdução à exposição e foi colocada na entrada do museu. Isso chocou os visitantes, na opinião do bispo da cidade de Bolzano, Wilhelm Egger.

O governador de Bolzano, Luis Durnwalder, pediu que a escultura fosse retirada da exposição, alegando que a obra representa uma ofensa aos valores católicos. Mas, pouco depois, o governador chegou a um acordo com os responsáveis pelo museu, que prometeram expor ao lado da obra informações que expliquem como a escultura foi feita e o seu significado. Na avaliação do vice-diretor do museu, Antonio Lampis, em qualquer evento de arte contemporânea há obras mais ou menos fortes, envolvendo a religião.

Martin Kippenberger é considerado um dos nomes mais importantes da arte contemporânea européia dos anos 80 e 90 e chegou a ser comparado com Andy Warhol, um dos expoentes da "pop art". Morreu em 1997, aos 44 anos de idade, e sua carreira foi marcada por obras polêmicas. "Com ironia, brincando, mas com consciência, ele colocou em xeque tradições existentes e tabus sociais e enfrentou o aspecto trágico da vida e da morte", diz o catálogo da exposição. Nos anos 90, o artista passou um período na região do Tirol, onde colaborou com artesãos locais para realizar uma série de esculturas. De acordo com as informações divulgadas pelo museu, naquele período, Kippenberger tratou o tema do sofrimento em várias obras. Uma delas, um vídeo, mostrava o próprio artista sendo crucificado. Segundo a assessoria de imprensa do museu, durante a permanência no Tirol, Kippenberger freqüentava os bares típicos da região, "onde se consome cerveja de forma desmedida, piadas são contadas e se comenta sobre sexo, debaixo do tradicional crucifixo, normalmente pendurado nestes lugares".

Com informações da BBC

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