domingo, 1 de junho de 2008

Em Roma, Lula condena especulação do mercado petroleiro

Roma, l junho, Ansa - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou hoje a forte "especulação" que caracteriza o mercado petroleiro internacional, e defendeu com firmeza o programa de seu país no setor dos biocombustíveis. Lula fez a afirmação durante uma coletiva de imprensa na embaixada brasileira em Roma, em visita ao país para a Conferência da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia, que será realizada de 3 a 5 de junho. Atualmente, "o preço do petróleo, no momento da extração, não chega a US$ 35 por barril", disse Lula ao destacar a exorbitante cotação internacional do ouro negro. O presidente destacou que, contrariamente ao forte interesse mundial que existe em relação ao tema dos biocombustíveis, "o debate sobre o alto preço do petróleo é como se não existisse". "Estive há pouco na cúpula União Européia-América Latina, e de fato não houve nenhuma discussão sobre este ponto nem sobre a crise dos empréstimos hipotecários a riscos (subprime)", disse Lula sobre o preço do petróleo. "É fundamental encontrar um preço de petróleo que seja compatível com a necessidade dos países pobres do mundo", insistiu o presidente. Lula afirmou, ainda, que não está preocupado com as discussões de terça-feira e quarta-feira na FAO.

Durante a coletiva, o presidente também aproveitou para falar sobre as condições dos brasileiros em países europeus. "Cada vez que algum brasileiro é perseguido, é preciso lembrar como, no passado, o Brasil recebeu os imigrantes europeus, ou seja, de coração", disse. Lula comentou o "problema dos imigrantes nos países da União Européia, incluindo a Itália". "Queremos ser tratados do mesmo modo, não queremos nada a mais", enfatizou. Ao falar sobre as relações entre Brasil e Itália, Lula disse que "todos conhecem o êxito da Fiat e de outras empresas italianas no Brasil". A presença dessas empresas contribui "para reforçar a relação entre os dois países", afirmou enfatizando a importância da experiência italiana das pequenas e médias empresas. Muitos especialistas do setor especulam que nesse debate o Brasil poderá terminar no banco dos acusados por seu programa de etanol e suas repercussões nos preços dos alimentos.

O presidente brasileiro, que chegou ontem à capital italiana, passou o sábado junto à sua esposa, a primeira-dama Marisa, passeando pelo centro de Roma no primeiro dia de visita ao país. Lula é um dos chefes de Estado que falará na Assembléia da FAO, e seu discurso gera grande expectativa, principalmente, pelo tema dos biocombustíveis, que segundo recentes informes influi em um terço no aumento do preço dos alimentos. Durante a estada em Roma, o presidente se hospeda na embaixada brasileira. Amanhã, Lula participará de uma reunião do grupo de amigos de "Apoio ao Haiti", integrado também por Argentina, Bahamas, Belize, Canadá, Chile, Estados Unidos, Guatemala, México, República Dominicana e Venezuela. Alemanha, Espanha, França e Noruega são observadores permanentes do grupo. Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social do Brasil, Franklin Martins, Lula falará sobre o etanol, sobre como deter a mudança climática e diminuir o aquecimento global, e dar andamento às metas do Protocolo de Kyoto.

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