sexta-feira, 27 de junho de 2008

Governo Berlusconi reafirma decisão de fichar ciganos

Roberto Maroni


O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, afirmou ontem, que não mudará sua decisão de coletar impressões digitais de crianças e adolescentes ciganos (rom), mesmo diante do repúdio generalizado que atingiu quase todos os grupos políticos do país, e não somente a oposição ao governo de Silvio Berlusconi. Maroni alega que é preciso identificar os jovens ciganos através de um censo, para então poder lhes oferecer "uma vida normal, em condições decentes, sem que acabem obrigados a se marginalizar". Já a Unicef declarou recentemente (através de seu dirigente italiano, Vincenzo Spadafora) que a medida do atual governo italiano causa "estupor e grave preocupação", pois "poderia causar delicados problemas de discriminação". "Por respeito ao direito de igualdade de todas as crianças, o governo poderia propor que se fichem do mesmo modo todas as crianças italianas. As crianças ciganas não são distintas das demais, e muitas delas, além disso, são cidadãs italianas para todos os efeitos. Mas, sobretudo, as crianças não podem nem devem ser tratadas como os adultos", explicou Spadafora, em nome da Unicef (órgão da ONU voltado à infância). O coordenador do Conselho Europeu para Atividades e Direitos dos Rom, Henry Scicluna, também se mostrou contrário à medida do ministro italiano. Ele afirmou que "um censo para contar as crianças que vivem nos acampamentos ciganos da Itália é bom", mas destacou que, em nenhum outro país, eles são obrigados a dar impressões digitais. Alguns parlamentares italianos, como o eurodeputado Vittorio Agnoletto (da Refundação Comunista), convidaram a União Européia a "tomar uma posição contra esta negação dos direitos fundamentais das pessoas".



Ansa

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