segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Antes tarde do que nunca: italiano protesta em Pequim

O pugilista italiano Clemente Russo, que ficou com a medalha de prata na final dos pesos pesados (até 91kg), se tornou um destaque em Pequim ao quebrar a regra de silêncio político e dedicar sua medalha "a todas as pessoas que sofrem na China". "É verdade que aqui muita gente sofre, muitos", disse Russo, que anunciou que dará suas luvas a Dalai Lama, líder espiritual dos tibetanos, quem denunciou que a situação na região piorou após o início dos Jogos Olímpicos.

Russo, a quem o Comitê Olímpico Italiano (Coni) designou como porta-bandeira da Itália à cerimônia de encerramento das Olimpíadas, também dedicou sua medalha às crianças de Marcianise, sua terra natal, "para que não percam suas vidas nas ruas", porque na província de Caserta "há também coisas boas e não apenas a vida ruim", afirmou. Também os dois canoístas mais conhecidos da equipe italiana, Antonio Rossi e Josefa Idem, anunciaram que doarão seus uniformes olímpicos a Dalai Lama, assim como a esgrimista Margherita Grambassi, que doou sua máscara protetora ao líder espiritual. "É um pequeno gesto, mas gostaria que fosse seguido com uma posição mais clara pelos políticos, que no passado, com exceção da (chanceler alemã Angela) Merkel, receberam vergonhosamente Dalai Lama", afirmou Idem. "Espero que da próxima vez que vá a Europa, seja recebido com as honras e respeito que merece", acrescentou a canoísta que ficou com a medalha de prata na série K1 500. "São os políticos que devem fazer política, não nós os atletas. São eles que devem atuar ao invés de abaixarem a cabeça. Nos pedem que façamos esses gestos, enquanto eles não têm coragem e fazem negócios com a China", completou a atleta. O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, expressou hoje em Roma que "as opiniões são todas legítimas, mas acredito que os atletas sabem o que devem fazer", porque "há um regulamento" estipulado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

Após recordar essa regulamentação, que contempla a desclassificação do atleta que violar as normas realizando protestos políticos, Frattini acrescentou: "eu prefiro ter primeiro a medalha e depois, a partir de amanhã, trabalhar para que haja o diálogo necessário na China". O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, havia expressado na sexta-feira que "seria lindo" que um atleta italiano protestasse em Pequim, logo após o líder tibetano ter denunciado novas repressões. Políticos italianos também haviam pedido aos atletas que realizassem protestos na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, realizada em 8 de agosto. Na ocasião, os desportistas criticaram duramente o pedido. O COI recordou, na mesma época, as normas que proíbem atletas de fazerem manifestações políticas em todos os locais envolvidos nos Jogos Olímpicos, como os pódios e a Vila Olímpica.

Ansa

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