sábado, 1 de novembro de 2008

Italianos querem recuperar galpão antigo do Rio

RIO - Construídos no fim do século 19 para armazenar cargas de trens, dois galpões localizados na zona portuária do Rio deverão abrigar uma escola de restauro, voltada à recuperação de prédios antigos, e outra de audiovisual. O projeto de recuperação dos espaços e de implementação das escolas está orçado em R$ 30 milhões e foi abarcado pela União dos Italianos no Mundo (UIM), uma entidade que tem entre seus objetivos a promoção de intercâmbio da Itália com outros países e está buscando parceiros por lá para levá-lo adiante.

Duas instituições daquele país - referência mundial quando se fala em know-how em restauro -, uma de Roma e outra de Bolonha, já se mostraram interessadas, disse o presidente da UIM no Rio, Rafael Zibelli Neto, que prefere não divulgar os nomes ainda. A idéia é que a primeira tarefa dos restauradores seja justamente a reforma dos galpões, que, juntos, ocupam uma área de 7.500 metros quadrados.

Desativados nos anos 80 e abandonados, eles foram alvos de saques. Ladrões levaram grande quantidade de ferro fundido que pertenceu à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), criada em 1957 e extinta 50 anos depois. Não restou quase nada: só as paredes estão em pé e não há cobertura.

Em estilo eclético, a fachada de tijolo aparente, imponente, chama a atenção na paisagem da área do cais do porto. A estrutura metálica interna está corroída, uma vez que fica exposta à chuva. Por todo lado, cresce vegetação. Os galpões já chegaram a ser usados como estação ferroviária (a malha era ligada à da Central do Brasil).

O projeto, desenvolvido pelo Instituto Pereira Passos (IPP) desde 2004, prevê não só a recuperação da construção, mas também a instalação de nova arquitetura interna e a implementação das duas escolas e seu funcionamento por três anos. A instituição que se interessar em ocupar o local deverá não só fazer as obras, mas também gerir os novos espaços. O objetivo é formar mão-de-obra qualificada tanto na área de restauro quanto na de audiovisual. Neste momento, a UIM tenta obter os benefícios da Lei Rouanet para atrair os investidores.

Tudo faz parte da tentativa de revitalizar a região, iniciativa antiga da prefeitura do Rio, que adquiriu o terreno dos galpões, da Cidade do Samba (onde desde 2005 ficam os barracões das escolas de samba do Rio) e da Vila Olímpica da Gamboa (freqüentada por moradores das comunidades pobres vizinhas) com essa intenção. A Cidade do Samba e a Vila Olímpica já foram abertas; agora, as atenções se voltam para os galpões.

O diretor de urbanismo do IPP, Antonio Luiz Correia, lembra que até hoje "só dinheiro público" foi investido na área. "Os recursos privados ainda não se mostraram." A zona portuária, aponta, tem terrenos muito grandes do governo federal que não são usados - ao contrário do restante do centro do Rio, que não tem mais para onde crescer.

Estadão

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