
Coincidências
A conclusão de que poderia se tratar de Lucrécia Borgia veio desses componentes do quadro - a adaga seria uma referência simbólica a outra Lucrécia, heroína da Roma antiga, e Vênus era usada no emblema da família Borgia -, além de algumas coincidências históricas. Dosso Dossi vivia na cidade de Ferrara na mesma época em que Lucrécia Borgia, cujo terceiro marido veio a se tornar Duque de Ferrara. Além disso, poucas mulheres nobres tinham o privilégio de ser objeto de uma pintura e apenas alguém muito especial poderia ser colocada no mesmo plano que uma deusa e uma heroína romana. O homem por trás da descoberta na Austrália, Carl Villis, explicou ainda que o quadro é o único que traz referências diretas e pessoais a Lucrécia Borgia. "Até agora, a única imagem confiável que se tinha dela era um perfil em uma medalha de bronze datada de 1502. Os traços da mulher no nosso quadro são muito parecidos com os da pessoa retratada na medalha", afirmou.
'Mulher fatal'
Lucrécia Borgia foi a mulher mais famosa da época do Renascimento na Itália. Nascida em Roma em 1480, era filha ilegítima do Cardeal Rodrigo Borgia, que mais tarde se tornou o papa Alexandre 6º. Seus dois primeiros casamentos foram arranjados - e desfeitos - pelo pai e pelo irmão César para satisfazer os interesses políticos e financeiros da família. A primeira união acabou sendo anulada e o segundo marido de Lucrécia teria sido assassinado pelo próprio César. Boatos na época sugeriam que a família Borgia estava envolvida em vários crimes, além de viverem em relações de incesto e luxúria. Apesar disso, Lucrécia se casou pela terceira vez com Alfoso d'Este, membro de uma influente família de Ferrara, e deixou Roma para sempre. Ela morreu em 1519 de complicações do parto de seu oitavo filho. A fama de mulher fatal, que tinha vários amantes e se desfazia deles envenenando-os, foi reforçada pela peça Lucrécia Borgia, do francês Victor Hugo, e pela ópera de mesmo nome do italiano Gaetano Donizetti, ambas de 1833.
BBC /Imagem arquivo virtual
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