domingo, 21 de dezembro de 2008

Italiano morto em atentados de 97 é herói em Cuba


Fabio Di Celmo, o empresário italiano morto em um atentado em Havana em 1997, se tornou um herói nacional em Cuba, onde foi feita uma estátua de cera em sua homenagem, uma sala de um museu expõe seus objetos pessoais e há concursos, instituições e pizzarias que levam seu nome. Fabio, a pizzaria localizada no bairro El Vedado de Havana, foi aberta há quatro anos por seu pai, Giustino Di Celmo, nascido em Salerno (Itália) em 1920, veterano da Segunda Guerra Mundial e que em 1992 iniciou viagens a Cuba como homem de negócios. Em 4 de setembro de 1997, quando o mais novo de seus três filhos perdeu a vida aos 32 anos, Giustino decidiu viver definitivamente em Cuba. "Estou aqui para lutar contra essa barbárie do terrorismo. Eu não deixarei Cuba, não deixarei Fabio. Quero morrer neste país", disse à ANSA em seu restaurante que faz "a melhor pizza de Havana". O local é decorado com imagens da vítima e de sua grande paixão, o futebol, assim como fotos do ex-presidente Fidel Castro junto a Giustino, considerado amigo do líder cubano. Seguindo os passos do pai, Fabio havia começado, pouco antes do atentado, a trabalhar em Cuba realizando reestruturações de hotéis e restaurantes. Estava na recepção do Hotel Copacabana para se encontrar com pai, quando uma bomba colocada embaixo de um cinzeiro de ferro explodiu. Os destroços atravessaram sua artéria carótida. Nascido em Genova em 1 de junho de 1965, Fabio foi a única vítima fatal dos atentados cometidos naquele dia na cidade, com quatro explosões. O pequeno Museu municipal de Playa, bairro onde vivia em Cuba, abriga desde 2003, junto a mostra de artistas cubanos "Homenagem à Intifada", a "Sala contra o Terrorismo" em homenagem a Fabio, que conta, entre outros objetos, com uma estátua do italiano em bronze. Estão expostos também as calças brancas e o relógio que Fabio utilizava quando morreu, a bola de futebol com a qual ele jogava em Havana e seus boletins da escola primária de Genova, entre outras peças. Um dos Comitês de Defesa da Revolução (CDR) tem o seu nome e sempre comemora seu aniversário. Existem concursos Fabio Di Celmo, há também o Policlínico Universitário de Cienfuegos que foi batizado com seu nome. O livro "El muchacho de Copacabana", de Acela Caner, conta sua vida, assim como o filme "Cuando la verdad despierta", do italiano Angelo Rizzo. Uma escultura de cera, que reproduz Fabio com um uniforme de jogador de futebol que ele vestia em Genova, está desde 2005 em exposição no principal Museu de Cera do país, em Bayamo. Em frente à Seção de Interesses dos Estados Unidos em Cuba, a missão diplomática norte-americana no país, entre as 3.478 bandeiras hasteadas pelo governo cubano, uma é dedicada às vítimas do terrorismo, em nome de Fabio Di Celmo. Há também um site dedicado à memória do rapaz (http://www.fabiodicelmo.cu/), que conta sua vida e traz notícias sobre ele. Luis Posada Carriles, ex-agente da CIA e acusado da explosão de um avião cubano em 1976, que deixou 73 mortos, também é considerado o mentor dos ataques cometidos em 1997 contra instalações turísticas de Havana e que matou Di Celmo. Um ano depois do atentado, Posada Carriles declarou ao The New York Times sentir muito pela morte, "mas não podemos parar. Esse italiano estava no lugar errado, na hora errada". "É uma vergonha que um terrorista confesso ande solto nos Estados Unidos. Deveria estar preso e ser processado e não protegido", disse por sua parte Giustino, indignado pela decisão que liberou em maio de 2007 o anticastrista, que está atualmente sob liberdade vigiada.

Ansa

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