quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Lula quer negociar a paz

Brasileiro critica ONU e resolve discutir com outros países saídas para os conflitos no Oriente Médio



Recife e Gaza - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem, em Recife, a “inoperância da ONU, em não conseguir acabar com o conflito entre Israel e os palestinos” na Faixa de Gaza. Lula informou ter determinado que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, entre em contato com autoridades estrangeiras para convocar reunião em busca de uma solução para o conflito. O contato de Amorim será com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que está de férias no Brasil com a mulher, Carla Bruni. “Nós, do Brasil, vamos trabalhar junto a outros países para achar um jeito de aquele povo parar de se matar”, disse Lula, que deu as declarações durante a inauguração do Parque Dona Lindu, na capital pernambucana, ontem. O Itamaraty revelou ter recebido do embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, uma lista com os medicamentos que estão faltando em Gaza para tratar dos feridos. O Ministério das Relações Exteriores informou que providenciará o mais rapidamente possível a ajuda humanitária, que virá dos estoques do Ministério da Saúde. Segundo balanço dos serviços de emergência, os ataques aéreos israelenses, iniciados sábado, deixaram mais de 370 mortos e 1.700 feridos. Entre os mortos, há pelo menos 39 crianças e 13 mulheres. Ontem, duas irmãs palestinas de 4 e 11 anos morreram num bombardeio. Lama e Haya Hamdan estavam num carro puxado por mula atingido. O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse ontem que a ofensiva militar contra o Hamas, que governa Gaza, só terá fim depois que forem alcançados os seus objetivos. “A ofensiva apenas começou e não terminará enquanto nossos objetivos não forem atingidos. Continuaremos de acordo com o plano”, disse. Trégua de 48 horas foi proposta do governo francês, para fins humanitários. Segundo Israel, um cessar-fogo apenas daria ao Hamas tempo para se reorganizar e intensificar o lançamento de foguetes contra o território israelense. Apesar disso, o governo de Israel disse que estava preparado para trabalhar com a França e outros governos para permitir que o fluxo de ajuda na Faixa de Gaza aumente. Israel teria permitido que caminhões com ajuda humanitária entrassem em Gaza ontem, informou uma fonte militar. E os EUA, aliados de Israel, anunciaram que vão doar US$ 85 milhões para a agência da ONU que ajuda refugiados palestinos.
MARINHA ISRAELENSE ACUSADA DE BARRAR AJUDA HUMANITÁRIA
Um navio do movimento Free Gaza, que saiu segunda-feira do Chipre em direção à Faixa de Gaza com 3,5 toneladas de ajuda humanitária, principalmente material médico, foi detido pela marinha israelense e obrigado a se dirigir ao Líbano. Segundo o Ministério da Relações Exteriores de Israel houve uma colisão entre um navio da Marinha israelense e a embarcação. O país declarou a área costeira como zona militar fechada na última segunda. A ONG, porém, informou que o barco foi alvo de disparos enquanto estava em águas internacionais e sofreu colisão com o navio israelense. O porta-voz do Ministério negou a ocorrência de disparos. Ninguém ficou ferido. Na embarcação há 15 passageiros civis de 11 nacionalidades, além de representantes da organização Médicos Voluntários do Chipre e a ex-congressista americana democrata Cynthia McKinney, que embarcou para protestar contra a devastação produzida pelas armas vendidas pelos EUA a Israel.
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