Roma, 30 Jan 2009 (AFP) - O chefe do Governo italiano, Silvio Berlusconi, assegurou nesta sexta-feira que utilizará de "todas as vias legais" para que o Brasil conceda a extradição do ex-ativista de extrema-esquerda Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália. "A Itália não deixará de tentar todas as vias legais para obter a extradição de Battisti", afirmou, em comunicado oficial, Berlusconi, que tem esperanças no recurso apresentado pelo governo italiano à Suprema Corte brasileira. O caso Battisti "não deve afetar as excelentes e amistosas relações entre a Itália e o Brasil, em todos os setores de interesse recíproco", afirma ainda a nota."É necessário que o assunto continue se desenvolvendo em seu âmbito natural, o judicial, no qual a Itália não deixará de tentar todas as vias legais para obter a extradição de Battisti para nosso país"."O governo cumpriu com todos os trâmites possíveis e necessários, inclusive a apresentação de um recurso ante a Suprema Corte brasileira, em cuja resposta confiamos". "Se o caso Battisti está fechado para o governo brasileiro, esperamos que, para a magistratura, continue aberto", comentou, por sua parte, o vice-ministro das Relações Exteriores, Alfredo Mantica, em entrevista ao canal de notícias Sky TG24.
Em 13 de janeiro passado, o Brasil concedeu asilo político a Battisti, ex-chefe do grupo "Proletários Armados pelo Comunismo" e condenado em 1993 pela justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos anos 1970.Isso fez a Itália decidir esta semana chamar para consultas seu embaixador no Brasil."Battisti é um terroristas que não merece em absoluto o estatuto de refugiado político", enfatizou o ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini. Em telefonema ao colega brasileiro Celso Amorim, Frattini exigiu novamente a extradição de Battisti.O caso está, agora, em mãos do Supremo Tribunal Federal, cujo presidente retornará do recesso no dia 2 de fevereiro. A decisão de conceder asilo provocou indignação na Itália, tanto por parte das autoridades políticas como das famílias das vítimas.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que seu governo não está disposto a submeter a decisão a uma revisão.Lula enviou na sexta-feira uma carta pessoal a seu colega italiano Giorgio Napolitano - que lhe expressou sua grande surpresa pela decisão - explicando as razões para conceder refúgio a Battisti e garantindo a independência e a neutralidade da decisão adotada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Esta semana, Battisti reafirmou sua inocência e se disse pronto a reencontrar parentes e amigos das vítimas, segundo informou o senador Eduardo Suplicy, que conversou com ele na prisão, em entrevista ao jornal italiano La Stampa."Ele me disse que estava pronto para explicar às pessoas ligadas às vítimas, olhando-as nos olhos, que ele não participou destes assassinatos e que também não planejou os assassinatos", declarou o senador ao jornal italiano.Entrevistadas nesta quinta-feira pela AFP, pessoas próximas às vítimas pediram a Battisti que aponte os autores dos homicídios. "Se ele quiser nos ver, estamos aqui. Que venha à Itália. A recusa do Brasil de extraditar Battisti é uma vergonha", reagiu Adriano Sabbadin, filho de um açougueiro morto em 16 de fevereiro de 1979 em Mestre (nordeste).
France Presse
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