terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Itália lamenta silêncio de sua comunidade no Brasil diante de caso Battisti

Roma, 20 jan, Ansa - O subsecretário de Relações Exteriores da Itália, Alfredo Mantica, lamentou nesta terça-feira o silêncio da comunidade italiana no Brasil com relação à concessão de refúgio político ao ex-militante de esquerda Cesare Battisti. "A Itália inteira está indignada com a decisão brasileira de não extraditar o assassino Cesare Battisti. E isso foi verificado em todos o níveis: o Estado através das palavras do presidente Napolitano (Giorgio Napolitano), o Parlamento com a carta do presidente (da Câmara dos Deputados, Gianfranco) Fini, os cidadãos com milhares de mensagens e ações de protesto. É doloroso constatar, no entanto, que nenhum representante da comunidade italiana no Brasil tenha se tornado protagonista de uma posição de defesa da nossa democracia", declarou em uma nota o subsecretário responsável pelos italianos no exterior. "Digo isto, pois, se algo foi colocado em dúvida com a decisão do governo Lula, foi justamente a democracia e o sistema judiciário italiano. Mas, francamentedo, não podemos aceitar tais lesões do governo brasileiro. Não enquanto no Brasil um assassino estiver livre para desfilar no carnaval do Rio enquanto na Itália milhares de pessoas desfilam para recordar os delitos infames", disse Mantica. "As iniciativas políticas e diplomáticas tomadas nestes últimos dias estão procurando suspender o processo de libertação (de Battisti, ndr). Se houvesse um apoio concreto também da comunidade italiana no Brasil, provavelmente em caso de êxito da extradição poderíamos dizer que estivemos todos determinados. Somente participando neste sentido podemos dizer para nós mesmos que somos uma verdadeira comunidade nacional e não um simples conjunto burocrático de certificações e documentos. Justamente por isso, o silêncio ensurdecedor da comunidade ítalo-brasileira é ainda mais desagradável", concluiu o subsecretário em sua nota.

Parlamentares italianos apresentam moção contra refúgio a Battisti
Os representantes da coalizão governista de centro-direita Povo da Liberdade (PDL) no Senado apresentaram nesta terça-feira uma moção ao governo italiano em repúdio à decisão do Brasil de conceder refúgio político ao ex-militante Cesare Battisti e propondo que a país trabalhe por sua extradição. Segundo o líder da coalizão governista no Senado, Maurizio Gasparri, a moção foi apresentada pelo senador Filippo Berselli, ao qual "agradece pela iniciativa", apoiado pelo vice-presidente da coalizão, Gaetano Quagliariello, e pelos outros componentes do grupo parlamentar.
"Já é hora do Parlamento italiano se mover para as autoridades brasileiras não aceitarem a impunidade de um assassino como Cesare Battisti. Na Itália, representantes do governo, os presidentes da Câmara e do Senado, e até o presidente da República, em um ato formal e importante, se fizeram ouvir. É justo que o Parlamento se expresse também", disse Gasparri.
Battisti, hoje com 54 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos entre 1978 e 1979, quando era membro do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Preso no Brasil desde 2007, o italiano recebeu na última terça-feira o status de refugiado político, o que permitirá a ele viver e trabalhar no país sem ser extraditado. A decisão gerou certa tensão entre as duas nações.

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