segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carnaval 2009 - Bonecões gigantes são tradição em São Luís do Paraitinga

Eles são altos, coloridos, com formas um pouco desproporcionais, mas representam a cidade de São Luís do Paraitinga, no interior de São Paulo. No pequeno município de dez mil habitantes, distante 182 km de São Paulo, os bonecões garantem um carnaval animado nos blocos. Só que a origem deles não tem nada a ver com a festa profana.


Bonecos João Paulino e Maria Angu são personagens históricos da cidade (Foto: Carolina Iskandarian/G1)
Quem conta é o compositor e comerciante Pedro Moradei, de 43 anos, conhecido como Pedrinho. "O boneco é tão antigo quanto a cidade. Tem uns 200 anos. Conta a história que inventaram os bonecões para atrair e entreter as crianças na hora do almoço. Era uma forma de chamá-las".
Os personagens mais famosos são João Paulino e Maria Angu. Segundo Moradei, Paulino era morador de São Luís do Paraitinga e tinha uma mulher que vendia pastéis de angu. "Ele usava uma cartola e bigode, como os coronéis da cidade". Para não dar confusão com algum luisiense que não goste de se achar parecido com o boneco, os rostos não devem ser inspirados em ninguém. Feitos em barro, papel machê e armação de arame, ganham vida quando os blocos de carnaval desfilam. No bloco Maria-Gasolina, a boneca tinha um galão de combustível na mão. No bloco da Saúde, o "homenzarrão" usava um jaleco branco. Os bonecões já animaram outras celebrações da cidade, como a Festa do Divino Espírito Santo, que acontece 50 dias depois da Páscoa. Uma das moradoras mais antigas de Paraitinga e conservadora da tradição local, dona Cinira Pereira dos Santos, de 83 anos, aprendeu a fazer os bonecões com o marido, o compositor Elpídio dos Santos, que comemoraria cem anos de vida em 2009 se estivesse vivo. Era era um dos compositores preferidos de Mazzaroppi e assinou muitas de suas trilhas sonoras. Depois da morte dele, em 1970, vó Nira, como é chamada por todos, continuou o trabalho, que tinha começado na década de 1940. "Fiquei sozinha com sete filhos. Precisei das minhas habilidades para criá-los. A necessidade põe a lebre no caminho", afirmou a moradora, que nasceu na mesma casa onde vive até hoje. Apesar de carregar um pingente de violão no pescoço, disse nunca ter cantado nada. "O meu marido e os meus filhos é que são artistas. Tenho sete filhos. Todos músicos". A habilidade que falta na voz sobra nas mãos. "Eu também costuro", garantiu vó Nira.
G1

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