Prefeitura de Manaus fecha parceria com Cooperativa Archeologia, da Toscana, para formação de restauradores. Aulas começam em agostoA experiência italiana no campo da restauração de obras consideradas verdadeiros patrimônios históricos está fazendo escola no Brasil. Mais precisamente no Amazonas. Uma parceria entre a prefeitura de Manaus, a Cooperativa Archeologia, da Toscana, eo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas (Sebrae) oferecerá, a partir de agosto, cursos para profissionais interessado sem trabalhar na recuperação de imóveis centenários. A primeira oficina-escola do projeto se destina à formação de mão-de-obra especializada. O foco são as obras do Mercado Municipal Adolpho Lisboa e do Paço Municipal, construídos entre 1874 e 1883. O trabalho está paralisado desde março, quando a administração pública rompeu o contrato com a empresa que haviaganhado a licitação para fazera restauração.
Além de ministrar o curso, a Cooperativa pode vir a ser contratada pela prefeitura para dar continuidade à própria obra cujo orçamentoé de 6 milhões de reais. De acordo com o subsecretario municipal de Cultura, Renato Seyssel, para o contrato ser firmado com o grupo italiano falta o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipham):
— A empresa contratada pela administração passada fez medições equivocadas do prédio e não comprovou capacidade técnica. Por isso, as obras foram embargadas pelo Iphan — explica Seyssel.
Ele conta que a prefeitura de Manaus “chegou” à Itália para resolver essa questão por intermédio de Luca Senesi, do Instituto Itália Brasil, no ano passado. O Instituto tem como objetivo divulgar a culturaitaliana em Manaus.
— Os italianos são os melhores do mundo nesse serviço e acreditamos que outras construções nossas serão beneficiadas com essa parceria — explica Seyssel — Vamos investir na formação da base, das pessoas que trabalham diretamente com a restauração. São mestres de obras, pedreiros e gesseiros que colocam a mão na massa e precisamser treinados para manusear cuidadosamente esse tipo de material. Afinal, uma restauraçãonão é igual a uma obra nova.
Ainda segundo Seyssel, os interessados em participar do curso devem encaminhar seus currículos à prefeitura. Em março,um projeto-piloto reuniu 35 profisionais da construção civil. Na ocasião, o diretor comercial da cooperativa, Fábio Faggella, e o prefeito da cidade de Pelago, na região metropolitana de Florença, Marcello Ulivileri, conheceram detalhes do projeto da ofi cina-escola cujos cursos terão duração de220 horas, sendo 180 destinadas às práticas de restauração.
A busca pela Cooperativa se deve a um currículo que inclui a recuperação de mais de 900 patrimônios históricos em 11 países, como China, Rússia e Grécia. Há 30 anos no mercado, o grupo emprega mais de 200 profissionais e tem em sua lista de restauroa recente recuperação da Torre de Pisa, o monumento mais famoso da cidade, localizado na região da Toscana. O diretor comercial da Cooperativa Archeologia, Fábio Faggella, sabe que a Itália ostenta um patrimônio considerável a ser preservado.
— Os templos subterrâneos, localizados na região da Sicília, nosul da Itália, construídos cinco séculos antes de Cristo, representam uma das obras mais incríveis que restauramos — aponta Faggella.
Restauração em alta Levantamentos preliminares dosenvolvidos no acordo indicam que em Manaus há pelo menos 1,6 milimóveis de interesse de preservação. O curso oferecido pela Cooperativa Archeologia e o Sebrae será dividido em três níveis – básico, intermediário e avançado. O módulo avançado será delineado ao longo de três anos. Ainda poderá ser criado um curso de nível superior, com duração de cinco anos,para a formação de restauradores.
— Formaremos profissionais que conheçam as técnicas de restauro porque esse é um mercado promissor. Vamos incentivar inclusive a abertura de empresas especializadas nesse tipode trabalho — destaca o gerentede Planejamento do Sebrae/Am, Vicente Schettini.
Por Silvia Souza













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