Primeiro livro de Marina Felippelli publicado no Brasil, ‘Cozinha italiana’ é trigo puro
Eric Nepomuceno
Pois o primeiro livro de Marina Felippelli publicado no Brasil é trigo puro. Não se deixe enganar pelo título modesto: Cozinha italiana, assim, às secas. O livro é muito bom, a autora é craque, sabe do ofício e sabe o que diz. Vem de alta linhagem e honra a estirpe dos que defendem a boa cozinha – inspirada, cálida e generosa, como convém. E se no Brasil este é o livro de estreia, é bom lembrar que Marina, nascida em São Paulo em 1974 e instalada na Inglaterra, traz no currículo livros sobre a cozinha da América Latina e do Caribe (The Food and cooking of the Caribbean, Central and South America), Steam cuisine, 200 wok recipes, 200 favorite italian recipes e outros mais. Além dos livros, Marina escreve para algumas das principais publicações gastronômicas inglesas, estudou culinária na Leith’s de Londres, uma das mais renomadas escolas de cozinha do planeta. Fez cursos na Toscana, Sicília e no Veneto, trabalhou em restaurantes estrelados como o Abingdon, em Kensington, e o Wis, em Notting Hill Gate. Enfim, uma intensa preparação para lapidar um talento surgido na infância passada em Roma. Em 1985, mudou com a família para a Inglaterra, onde continua morando.
Maior êxito
Este Cozinha italiana é a tradução de Fresh italian, talvez seu maior êxito: lançado há três anos pela britânica Hamlyn, chegou aos Estados Unidos, Austrália, Canadá, África do Sul, Alemanha, França, Holanda e Espanha.
O livro faz jus ao apego que os italianos têm pela sua cozinha, rica e variada, e traz receitas para cada etapa do verdadeiro ritual que é uma refeição: antipasto, primo piatto, seconto piatto e dolce, como é chamada na Itália a sobremesa e que, geralmente, consiste muito mais em frutas frescas que propriamente em doces.
Há sugestões básicas, que vão do instrumental adequado às técnicas de preparo recomendadas. Conta-se como é uma despensa italiana, mostra-se a maneira de preparar massas básicas, há sugestões de refeições. Mas o bom mesmo está nas receitas, todas elas viáveis. Merecem destaque especial a panzanella, o pesto alla genovese, os frutos do mar cozidos à moda da Ligúria, os escalopes de vitela alla pizzaiola. E, pairando absoluto sobre tudo e sobre todos, um bacalhau com grão-de-bico, que antes do livro de Marina Filippelli só podia ser encontrado no paraíso ou na casa de Eunice, sua mãe.
Para quem se preocupa com esses detalhes, o livro traz ainda, ao pé de cada receita, dados sobre valores nutricionais e dicas de saúde. A verdadeira nutrição a que se destina este Cozinha italiana, porém, é a da alma. E nada pode ser mais saudável do que alcançar a formidável alegria de ter uma alma bem nutrida.
Eric Nepomuceno
Escritor
Não é de hoje nem de ontem que livros de culinária chegam às nossas livrarias numa variedade cada vez maior, e com diferentes níveis de qualidade. Foi-se o tempo em que tudo se limitava às receitas de Miguel, o Magnífico, ou de Dona Benta. Ao longo dos últimos muitos anos o segmento dos livros de culinária cresceu e se tornou disputado e atrativo, com lançamentos para todos os gostos, talentos, ousadias e ambições. Com isso, quem aprecia cozinhar passou a dispor de uma oferta incessante, que abriga de pequenas maravilhas a grandes armadilhas. Aumenta a oferta, aumentam os perigos: quanto mais trigo é oferecido, mais joio é posto de contrabando. Já tropecei com livros belíssimos, de capas criativas e fotos refinadas, e cujas receitas variavam de irrealizáveis a incompreensíveis.
Pois o primeiro livro de Marina Felippelli publicado no Brasil é trigo puro. Não se deixe enganar pelo título modesto: Cozinha italiana, assim, às secas. O livro é muito bom, a autora é craque, sabe do ofício e sabe o que diz. Vem de alta linhagem e honra a estirpe dos que defendem a boa cozinha – inspirada, cálida e generosa, como convém. E se no Brasil este é o livro de estreia, é bom lembrar que Marina, nascida em São Paulo em 1974 e instalada na Inglaterra, traz no currículo livros sobre a cozinha da América Latina e do Caribe (The Food and cooking of the Caribbean, Central and South America), Steam cuisine, 200 wok recipes, 200 favorite italian recipes e outros mais. Além dos livros, Marina escreve para algumas das principais publicações gastronômicas inglesas, estudou culinária na Leith’s de Londres, uma das mais renomadas escolas de cozinha do planeta. Fez cursos na Toscana, Sicília e no Veneto, trabalhou em restaurantes estrelados como o Abingdon, em Kensington, e o Wis, em Notting Hill Gate. Enfim, uma intensa preparação para lapidar um talento surgido na infância passada em Roma. Em 1985, mudou com a família para a Inglaterra, onde continua morando.
Maior êxito
Este Cozinha italiana é a tradução de Fresh italian, talvez seu maior êxito: lançado há três anos pela britânica Hamlyn, chegou aos Estados Unidos, Austrália, Canadá, África do Sul, Alemanha, França, Holanda e Espanha.
Vários são os atrativos de Cozinha italiana. A edição é bem cuidada, bem ilustrada, os textos são claros e as indicações, precisas. Os maiores méritos, porém, estão na concepção das receitas, que mostram um equilíbrio perfeito entre o respeito rigoroso pela tradição italiana e a criatividade da autora. Uma das preocupações foi buscar uma variante saudável, de muito frescor nos ingredientes, e ao mesmo tempo evitar uso excessivo de sal e gorduras, preservando e destacando as características de uma das culinárias mais apreciadas (e populares) do mundo sem perder de vista a importância de uma dieta leve e equilibrada.
O livro faz jus ao apego que os italianos têm pela sua cozinha, rica e variada, e traz receitas para cada etapa do verdadeiro ritual que é uma refeição: antipasto, primo piatto, seconto piatto e dolce, como é chamada na Itália a sobremesa e que, geralmente, consiste muito mais em frutas frescas que propriamente em doces.
Há sugestões básicas, que vão do instrumental adequado às técnicas de preparo recomendadas. Conta-se como é uma despensa italiana, mostra-se a maneira de preparar massas básicas, há sugestões de refeições. Mas o bom mesmo está nas receitas, todas elas viáveis. Merecem destaque especial a panzanella, o pesto alla genovese, os frutos do mar cozidos à moda da Ligúria, os escalopes de vitela alla pizzaiola. E, pairando absoluto sobre tudo e sobre todos, um bacalhau com grão-de-bico, que antes do livro de Marina Filippelli só podia ser encontrado no paraíso ou na casa de Eunice, sua mãe.
Para quem se preocupa com esses detalhes, o livro traz ainda, ao pé de cada receita, dados sobre valores nutricionais e dicas de saúde. A verdadeira nutrição a que se destina este Cozinha italiana, porém, é a da alma. E nada pode ser mais saudável do que alcançar a formidável alegria de ter uma alma bem nutrida.
ItaliaOggi
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