sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lei da anistia para imigrantes traz esperança aos estrangeiros em SP

Nataly espera regularizar sua situação com a nova lei (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)


Sancionada pelo presidente, lei prevê a regularização dos ilegais. Medida vale para quem chegou ao país até 1º de fevereiro.

“Oi, amor”. É assim, com voz cândida e bom humor, que a peruana Nataly Puente de la Vega, de 23 anos, atende seus clientes na Rua 25 de Março, maior centro comercial de São Paulo. Assim como milhares de estrangeiros, ela está ilegal no país e pode ser beneficiada com a lei da anistia para imigrantes sancionada pelo presidente Lula na quinta-feira (2). “Ah, é sobre a lei da anistia? Eu estou sabendo. Estava esperando por ela”, comentou a vendedora ambulante ao ser abordada pela reportagem. Ela vende chapéus e cachecóis na calçada. O sorriso se abriu ainda mais porque, agora, Nataly diz ter esperanças de regularizar sua situação no Brasil, onde chegou há um ano. E ainda por cima grávida.

“Pretendo me regularizar aqui. Quero morar no Brasil porque vim para estudar”, conta a jovem, que sonha em fazer faculdade de turismo. “Eu já sou guia de turismo no Peru e agora quero ser uma guia internacional. Para isso, tenho que conhecer a história do Brasil”, relata a moça, cujos conhecimentos sobre o Brasil são restritos ao que vê pela televisão. A lei prevê a legalizalização de estrangeiros em situação irregular que tenham ingressado no Brasil até 1º de fevereiro deste ano. A medida pode atingir até 50 mil imigrantes, segundo o governo federal. “Fiquei feliz em saber disso. Tem muita gente que discrimina o imigrante, principalmente a polícia”.

Diploma de engenheira
A peruana Rosa Flores, de 31 anos, também vende mercadoria na calçada da 25 de Março e também tem ensino superior. Fez engenharia agrícola no Peru, mas, à procura de uma vida mais próspera, veio para São Paulo. As coisas não saíram como esperava. “Acabei virando camelô”, diz, rindo. A vida de imigrante não tem sido fácil. “Falaram que dava para eu estudar, trabalhar, mas está difícil”, admitiu a vendedora, que chegou ao Brasil há três anos e pode ser beneficiada pela lei. “Espero conseguir um emprego como engenheira se regularizar a minha situação”.

Conta em banco
Também peruano, Walter Rodriguez, 31, pensou logo em medidas mais práticas quando soube que a lei estava sancionada. “Agora, vou poder abrir uma conta corrente. Antes, não podia”, comenta o ambulante, que vende bijuteria na região. “Estava esperando essa anistia. Em outubro, faz um ano que estou aqui”. Rodriguez chegou a convite de uma prima que tem um box em uma das inúmeras galerias da região da Rua 25 de Março, onde trabalham outros tantos imigrantes ilegais. Agora que tem a chance de ser um estrangeiro legal no país, sonha mais alto. “Quero comprar uma loja aqui”, afirma o rapaz, que calcula ganhar cerca de R$ 900 por mês contando o que recebe na loja da prima e vendendo brincos na rua depois do expediente.

“Não penso em voltar para o Peru. Quero casar e ficar aqui pelo menos mais uns 5 anos. Com a regularização vou poder comprar uma casa e fazer mais negócios”, sonha o peruano que diz ter um motivo a mais para ficar: “estou namorando uma brasileira”.

Globo on line

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