sábado, 22 de agosto de 2009

Começa neste sábado o Ramadã, mês de jejum para os muçulmanos


Muçulmanos participam de orações na Mesquita Brasil, em São Paulo
(Foto: Arquivo/Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo)
Do primeiro dia da lua nova, neste sábado (22), até a próxima lua nova, em setembro, acontece o Ramadã. A tradição islâmica prevê um período de jejum e meditação para a purificação espiritual e depuração física dos muçulmanos.

“No Ramadã, o muçulmano deve se abster de água, comida, sexo, desavenças, intrigas e tudo que possa desagradar os ensinamentos de Alá. Esse período vai do alvorecer ao crepúsculo, quando se quebra o jejum. O período tem por objetivo ensinar aos muçulmanos a disciplina, boas ações e a caridade, bem mais do que em qualquer outro mês do ano. A abstenção da comida e bebida nada adianta sem lapidar sua conduta e sua paciência e sem deixar de lado as mentiras e imoralidades”, diz ao G1 o xeique Armando Hussein Saleh, da Mesquita Brasil, em São Paulo, e coordenador do Grupo de Estudo Islâmico Brasileiro ( Geib ).

O Ramadã, que tem entre 29 e 30 dias, já que o mês islâmico é lunar, é, segundo o xeique, a oportunidade do muçulmano de se redimir de seus pecados e purificar sua alma. “Islã significa, se traduzido para o português, submissão à vontade do criador, e é para isso que nós vivemos. A vida aqui é passageira, assim como tudo o que é material”, afirma.

Saleh explica que o jejum é o quarto, dos cinco pilares do islamismo. “O primeiro pilar é o testemunho da fé, da unicidade da divindade de Alá; o segundo é o cumprimento das cinco orações diárias; o terceiro é o pagamento de um tributo, que purifica as riquezas do homem e é destinado para 8 categorias, pobres e necessitados estão entre as primeiras; o quarto pilar é o jejum do mês de Ramadã; e o quinto é a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida, para quem tiver condições financeiras e de saúde.”


Depois do período de jejum, à noite, é permitido comer, beber e, principalmente, enfatizar orações em grupo, nas mesquitas. “Isso é a purificação, a meditação. É um incentivo à unidade. Dentro do Islamismo, álcool, drogas, cigarro e carne de porco são ilícitos e não devem ser consumidos nunca. Se um muçulmano fizer uso de algum desses itens, tem no Ramadã a oportunidade de se redimir e abandonar o uso.”

O período do Ramadã foi escolhido porque, segundo o xeique, nesse mês foram reveladas as escrituras sagradas. “Em respeito a essas revelações, os muçulmanos praticam o jejum.”

Punição
O jejum durante o Ramadã é obrigatório para todos os muçulmanos a partir da puberdade, com exceção de pessoas doentes que não estejam em perfeito estado de saúde e mental. “Aquele que não cumprir o jejum simplesmente por não querer, pode fazer jejum por toda a sua vida que não será suficiente para repor esse dia, dizem as escrituras.”

Já aqueles que não podem praticar o jejum por motivos de saúde ou uma viagem, por exemplo, precisam pagar uma diária de refeições para um necessitado, por cada dia em que não for respeitado o jejum. “Nossa religião pende sempre para o lado dos fracos e pobres.”

Festa após jejum
Ao término do Ramadã, a comunidade muçulmana realiza a festa do desjejum. A celebração acontece nas mesquitas para comemorar o fim do jejum do mês de Ramadã. Faz parte da tradição pagar o valor de uma diária de alimentação para um necessitado muçulmano por cada membro da família. “Fazemos isso para que essa pessoa, mesmo pobre, também possa ter a sua ceia após cumprir o jejum.”
G1

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