quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Escrever a mão, uma arte que se perde

As crianças, mas não apenas elas, já não sabem mais escrever a mão", afirma Umberto Eco para o jornal inglês Guardian. Na entrevista publicada na segunda-feira, o escritor italiano se diz preocupado com os "50% dos jovens italianos que têm problemas de grafia, mas que também cometem erros de ortografia". Trata-se de uma "tragédia" que, para o semiólogo, começou bem antes do advento do computador e do celular. "É óbvio que uma linda grafia não significa necessariamente uma inteligência fina", afirma Eco, destacando que a crise começou com o lançamento da esferográfica. "As pessoas já não tinham interesse em escrever porquanto, com este objeto, a escrita não tem alma, estilo e nem personalidade". "A minha geração aprendeu a escrever de tanto copiar com uma a linda grafia as letras do alfabeto", prossegue Eco. "Pode parecer um exercício obtuso e repressivo, mas nos ensinou a manter os pulsos firmes nas nossas escrivaninhas". Quando perguntado para que lamentar uma boa escrita na época dos teclados que estimulam o pensamento rápido, Eco responde que "a arte da escrever a mão ensina a controlar as nossos dedos e encoraja a coordenação olho-mão". "As pessoas já não viajam a cavalo, mas muitos têm aulas de equitação. Existem estradas e ferrovias, mas as pessoas aproveitam a pé as belas paisagens e os passeios mais bonitos. Seria uma ótima ideia se os pais inscrevessem seus filhos em escolas de caligrafia para participar de campeonatos e concursos", conclui Eco.
Da Ansa

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