Buenos Aires, Ansa.it - O primeiro ensaio visual sobre moda e modernismo na Itália fascista se apresentou em Buenos Aires, antecipando o lançamento do livro na América Latina em uma primeira versão em inglês, que revela a "instrumentalização sutil" da moda pelo regime de Benito Mussolini.
O ensaio "Fashion at the time of fascism" (A moda na época do fascismo), corresponde a uma investigação de Mario Lupano, professor da Faculdade de Desenho e Artes da Universidade de Veneza, e Alessandra Vaccari, pesquisadora da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Bolonha, onde ensina Cultura e design de moda.
A partir de uma pesquisa exaustiva em revistas da época (muitas das quais pertencem atualmente a arquivos privados), o ensaio evidencia o "papel ativo da moda na consolidação de uma estética moderna, entre os processos de difusão da cultura internacional e as visões impostas pelo regime político".
"O fascismo usou a moda como instrumento sutil para contribuir com esse ideal de 'homem novo' pretendido pelo regime de Mussolini", disse Vaccari à ANSA. O objetivo, acrescentou ela, era "inculcar a ideia da Itália no mundo".
Prova disso, acrescenta, é que em 1932 se criou o Dicionário da Moda Italiana ("para italianizar a linguagem da moda"). Outra prova foi a instauração do Conselho Nacional da Moda.
Além disso, também havia o controle dos tecidos, contou Vaccari, que "tinham que ter um certificado, que só era estendido se os modelos e matérias-primas fossem de origem italiana".
O livro apresenta uma densa montagem de imagens e textos, seguindo os ritmos e os rituais da jornada moderna italiana, em torno de quatro conceitos-chave: medida, modelo, marca e desfiles.
Desde a obsessão pela medida exata do corpo, da roupa e do tempo, à criação de ícones e modelos do modernismo; da construção de um sistema nacional de moda, ao caráter espetacular dos desfiles de moda e dos rituais fascistas. Definem-se assim os valores e elementos principais da moda italiana entre os anos 20 e 40, os temas básicos do modernismo e a relação entre glamour e coreografias do regime fascista.
"A estética militarizada nos desenhos femininos, acrescentou a estudiosa italiana, é fruto daquelas orientações determinadas pelo regime". Estas diretrizes também se estendiam às publicações, que "não deveriam publicar imagens de moda francesa", que já nos anos 30 esta se consolidou como um indiscutível pólo mundial de moda.
Claro que isso nem sempre era possível: "Às vezes se publicavam as fotos, de evidente perfil francês, mas omitindo a procedência. Era uma questão de sobreviver, de alguma forma, a essa política de controle", observou Vaccari.
imagem arquivo virtual
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