sábado, 30 de janeiro de 2010

Imigrantes cometem crimes como os italianos

Mariano Crociata

Roma, Ansa - "Nossas estatísticas demonstram que as porcentagens de criminalidade de italianos e estrangeiros são semelhantes, senão idênticas", afirma o secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), monsenhor Mariano Crociata, respondendo a uma pergunta dos jornalistas sobre as declarações do premier Silvio Berlusconi a respeito da participação dos imigrantes em atividades criminosas.   Na coletiva à imprensa ao término do Conselho Permanente dos Bispos, reunidos em Roma, monsenhor Crociata convidou a respeitar a "dignidade de todo ser humano, que não pode ser alvo de preconceito ou discriminação".

Berlusconi: menos clandestinos=menos criminosos
Silvio Berlusconi

Menos extracomunitários é igual a menos criminosos. Esta foi a equação vinculante do primeiro-ministro italiano que, ao término da reunião do Conselho de Ministros na Reggio Calabria, reivindicou o punho de ferro contra a imigração clandestina, que deu resultados "muito positivos". Um fato importante, destaca Berlusconi, porque uma "redução dos imigrantes ilegais na Itália significa menos forças indo engrossar as fileiras dos criminosos".

A tese não é nova e é quase diariamente proclamada pela Liga Norte, mas é a primeira vez que o premier fala dos "extracomunitários" como potenciais criminosos.

Mais uma vez fica evidente a distância entre o premier e o outro co-fundador do PDL Gianfranco Fini, que na mesma hora em que Berlusconi falava na Calábria, manifestou uma opinião oposta sobre o problema da imigração.

Segundo Fini, que falou durante o lançamento de um livro sobre a Unificação da Itália, na construção da ideia de Nação devemos evitar "a tentação do etnicismo e do revanchismo" e apostar na ideia democrática aberta "aos novos cidadãos".

É portanto uma Itália cada vez mais multiétnica aquela que Fini imagina, onde os imigrantes e seus filhos são um fator de crescimento e não um inimigo a ser combatido.

Essa posição é compartilhada pela oposição, que acusa o premier italiano de racismo e de subordinação ao pensamento da Liga.

"Uma frase assim - diz o líder do PD, Pier Luigi Bersani, em se referindo à declaração de Berlusconi - nos afasta de qualquer contexto moderno. Um governo não pode sempre explorar os medos, mas deve também saber guiar o país à racionalidade".

Já o líder do Itália dos Valores (IDV), Massimo Donadi, afirma que "a Itália precisa de leis severas mas justas, não de slogans racistas inúteis que alimentam o clima de intolerância".

É verdade que os extracomunitários são atraídos pela vida criminosa?

Uma pesquisa da Caritas sobre a taxa de delinqüência entre os imigrantes nega essa suspeita. As estatísticas indicam que os extracomunitários legalizados infringem a lei quase tanto quanto os italianos: 1,4% dos estrangeiros contra 0,75% dos italianos.

"É falso que a taxa de criminalidade dos imigrantes seja muito superior àquela dos italianos", afirma Caritas.

Os partidários do premier afirmam que as palavras de Berlusconi foram deturpadas e mal interpretadas.

"É evidente que a referência do premier era para os imigrantes que chegam à Itália via organizações criminosas", disse o líder do PDL no Senado Maurizio Gasparri.

O clima político no entanto é pouco favorável a medidas pró-imigrantes. Da lei comunitária no Senado foi descartada a regularização dos imigrantes sem contrato.

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