Reggio Calabria, Ansa - O governo italiano reunido na Reggio Calabria, no sul do país, aprovou ontem (28)e um plano extraordinário para combater o crime organizado. O projeto de lei aprovado contém novas diretrizes anti-máfia, entre outros pontos. O Executivo também emitiu um decreto que institucionaliza a Agência Nacional para os bens confiscados ao crime organizado, cuja sede será na Reggio Calabria, capital da região homônima. A cidade foi escolhida para fazer o anúncio depois de um atentado recente contra o Ministério Público local, que só provocou danos materiais, sem vítimas, e que foi atribuído à 'Ndrangheta, a máfia calabresa. Na semana passada foi encontrado um veículo com explosivos e armas abandonado nas imediações do aeroporto da Reggio Calabria, no mesmo dia em que o presidente da República, Giorgio Napolitano, visitava a cidade.
A presença desse carro-bomba foi considerada uma advertência da 'Ndrangheta contra o Estado, que redobrou sua atividade de luta e apreensão de bens ao crime organizado. Os juízes advertiram que, com o atentado à procuradoria e a ameaça a Napolitano, a 'Ndrangheta atacou pela primeira vez as instituições. A máfia calabresa é considerada atualmente a organização criminosa italiana mais globalizada e perigosa, que cresceu com uma estratégia de silêncio e de invisibilidade, à diferença da Cosa Nostra, a máfia siciliana. Esta última está enfraquecida e com seus principais chefões presos, depois de ter lançado nos anos 90 uma guerra contra o Estado.
REDUÇÃO DE IMIGRANTES ILEGAIS DIMINUI CRIMES -
O premier italiano Silvio Berlusconi, ao destacar as iniciativas de seu governo contra a imigração clandestina, disse que a redução dos extracomunitários na Itália significa também "menos forças para engrossar as filas da criminalidade". Após o término da reunião do Conselho de Ministros na Reggio Calabria, o premier também pediu que a União Europeia (UE) assuma sua responsabilidade nessa luta e que ajude os países das zonas costeiras. Sobre as ações executadas contra a máfia no país, Berlusconi defendeu que "agredir o patrimônio dos mafiosos será o ponto central do combate ao crime organizado". Por outro lado, a senadora do Partido Democrata (PD, maior força de oposição), Livia Turco, opinou que a equação de Berlusconi sobre os imigrantes e a criminalidade "é vulgar".
"Todos os dados demonstram que, sem os imigrantes, partes importantes de nossa economia ficariam paralisadas", apontou.
Desde o último ano, graças a um acordo firmado com a Líbia, o governo italiano vem diminuindo significativamente o desembarque de clandestinos na ilha de Lampedusa, no sul do país. O tratado, que chegou a ser criticado pela UE, permite que embarcações com ilegais sejam repatriadas ainda em águas internacionais. Em troca, o governo líbio recebe ajudas e cooperações em diversos setores.
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