Roma, Ansa - O premier italiano Silvio Berlusconi anunciou que pretende intensificar a luta contra a corrupção e defendeu seu subsecretário de governo, Gianni Letta, acusado de envolvimento em um esquema de fraudes que veio à tona nas últimas semanas.
As denúncias dizem respeito à concessão de licitações de obras em La Maddalena, na Sardenha, local que abrigaria a Cúpula do G8 em julho de 2009. O evento acabou sendo transferido para L'Aquila, cidade que foi devastada por um terremoto no mesmo ano.
Um dos investigados no processo é Guido Bertolaso, chefe da Defesa Civil italiana - órgão subordinado à presidência do Conselho de Ministros.
"No que se refere aos crimes de corrupção, tenho em mente apresentar uma medida no próximo Conselho para reforçar as regras já existentes", afirmou Berlusconi em entrevista concedida hoje (18) a duas agências noticiosas.
Em defesa de seu subsecretário, o premier reafirmou sua "confiança plena" e disse que Letta "é extraordinário no plano das operações pelo bem comum. Não creio que devo dar atenção aos boatos, que são só demonstrações de incivilidade e barbárie".
Falando sobre as denúncias recentes que recaem sobre políticos, funcionários públicos e magistrados, Berlusconi negou um possível retorno do esquema de corrupção que envolvia governantes e que foi desbaratado no início da década de 1990 pela Operação Mãos Limpas.
Esta investigação, iniciada em 1992 sob a liderança do então procurador Antonio di Pietro, descobriu uma rede de tráfico de influência e corrupção em todos os níveis da vida nacional da Itália. O processo levou à condenação de líderes políticos, ex-chefes de governo e empresários em um caso que implodiu o sistema público desse país europeu.
De acordo com o primeiro-ministro a diferença é que agora a política é bancada com dinheiro público, o que não acontecia antes, de forma a "forçar os partidos a utilizarem financiamentos não legais".
"Hoje só fatos pessoais entram nas estatísticas" que, segundo o premier, "valem para todos os setores e âmbitos".
"Sobre 100 pessoas, sabe-se que não há 100 santos porque existem um, dois, três, quatro ou cinco que podem ser tratantes que se aproveitam de suas posições por interesses pessoais", declarou.
Berlusconi também comentou que se ficar provado que alguém de seu partido (o Povo da Liberdade, PDL), está implicado em algum esquema de corrupção, o acusado será expulso da agremiação.
"Não acredito que existam dúvidas sobre o fato de que, quem erra e comete crimes, não pode ter a pretensão de permanecer em algum movimento político", opinou.
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