quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Esquerda quer 'invasão de estrangeiros' na Itália, afirma Berlusconi

Reuters, Roma - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, acusou nesta quarta-feira (24) a esquerda de desejar uma "invasão de estrangeiros" para aumentar seu eleitorado com vistas à eleição regional de março.     Uma campanha de repressão à imigração ilegal foi bem acolhida pelos italianos, e Berlusconi espera enfatizar essa questão antes da eleição, em parte para desviar a atenção do escândalo de corrupção que pode prejudicar a sua coalizão de centro-direita.   

"A esquerda quer escancarar as portas aos estrangeiros", disse Berlusconi num comício. "Ela não quer imigração, mas invasão de estrangeiros para mudar a base eleitoral."

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, durante entrevista nesta quarta-feira (24) em Roma. (Foto: AFP)


A imigração é um assunto delicado na Itália, que luta para integrar sua crescente população oriunda da África e do Leste Europeu, mas sem perder sua identidade nacional.      Parlamentares de esquerda acusaram o primeiro-ministro de tentar desviar a atenção das denúncias que afetam sua coalizão, e que são comparadas por muitos aos escândalos apelidados de "Tangentopoli" (algo como "propinolândia") no começo da década de 1990.

"Por enquanto a verdade está clara para todos, que o primeiro-ministro eleva a temperatura e fala absurdos para esconder suas dificuldades", disse Marina Sereni, do Partido Democrático (centro-esquerda).

Guido Bertolaso, o influente diretor da Defesa Civil, e Denis Verdini, coordenador do Povo da Liberdade, partido de Berlusconi, foram envolvidos no escândalo de corrupção. Um senador de centro-direita também pode ser preso por lavagem de dinheiro.

Uma pesquisa publicada na semana passada pelo jornal La Repubblica mostrou que a aprovação a Berlusconi caiu de 48 para 46 por cento.

Num sinal de desgaste interno da coalizão governista, o dirigente partidário Gianfranco Fini se distanciou das declarações do premiê sobre a imigração. Fini, que nos últimos anos passou da extrema direita para o centro, há meses tem atritos com Berlusconi.

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