AFP - A necessidade de medidas de austeridade se estendeu por uma Europa acossada pela crise grega e agora chegou a vez da Itália reduzir seu gasto público, seguindo os passos da Espanha e de Portugal.
- Não há opção, os déficits são insustentáveis em todos os países. O mercado conheceu momentos de ataques especulativos excessivos (contra os países mais frágeis da Eurozona), mas não faz mais que revelar uma situação objetiva - enfatiza Franco Bruni, professor de política monetária da universidade Bocconi de Milão.
O buraco do déficit público italiano, no entanto, se limita a 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009, contra 9,4% em Portugal e 11,2% na Espanha, graças à firmeza do ministro da Economia, Giulio Tremonti, durante a crise.
Mas para dar provas de seu compromisso com os mercados e a Comissão Europeia, a Itália vai apertar um pouco mais o cinto, de modo a manter seu objetivo de redução do déficit, apesar das projeções de crescimento menos otimistas e um agravamento da situação de sua dívida pública (115,8% do PIB em 2009).
A correção orçamentária que deve ser aprovada em junho para levar o déficit a 2,7% em 2012 representará uma economia de 25 bilhões de dólares (1,6% do PIB). Até o momento, se previa um ajuste de 20 bilhões (1,2% do PIB). Segundo a imprensa, o governo planeja um pacote de medidas que incluem um congelamento de um ano para os salários dos funcionários, a continuação da redução dos orçamentos dos ministérios e um reforço da luta contra a evasão fiscal.
Uma alta dos impostos no plano nacional parece descartada, mas com o objetivo de mostrar firmeza o governo negou-se na quinta-feira a aumentar os déficits do orçamento da saúde de quatro regiões, exigindo, em compensação, elevação dos tributos locais.
Segundo Marco Valli, economista chefe do banco UniCredit, foram as medidas draconianas adotadas por Portugal e Espanha que "aumentaram a pressão sobre a Itália" para que reduza um pouco mais o gasto público.
De fato, Espanha e Portugal anunciaram duros planos de ajuste sob pressão dos mercados que temem uma versão ibérica da tragédia grega e de certos países europeus como a Alemanha, que reclamam mais esforços.
Na quarta, o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, apresentou um plano que inclui um corte dos salários do funcionalismo público, o congelamento das pensões e a supressão do chamado "cheque bebê", provocando a fúria dos sindicatos que convocaram uma greve para 2 de junho.
Na quinta foi a vez do primeiro-ministro português, José Sócrates, que anunciou uma alta de um ponto no IVA, a redução dos salários dos titulares de postos políticos e dos servidores públicos, além de um corte dos gastos do Estado.
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