domingo, 20 de junho de 2010

Com outra atuação sofrível, Itália decepciona contra a Nova Zelândia

A faixa preta no braço direito dos jogadores da Itália era um sinal da luto pela morte de Roberto Rosato, campeão da Eurocopa de 68 pelo país, neste domingo. Mas bem que poderia representar também um protesto pelo futebol sofrível apresentado pela atual campeã no Mundial da África do Sul. Como no decepcionante empate por 1 a 1 com a fraca Nova Zelândia, em Nelspriut, pela segunda rodada do Grupo F.


Jogado no gramado, Zambrotta representa a péssima atuação da Itália em Nelspruit (Foto: Getty Images)

Prejudicado pela arbitragem, a Azzurra saiu atrás no placar com gol em impedimento de Smeltz, logo aos sete minutos. Entretanto, não fez nos 83 minutos seguintes nada que justificasse algo além da igualdade conquistada através de pênalti duvidoso convertido por Iaquinta, ainda na primeira etapa.

Com o resultado, os italianos seguem vivos na Copa do Mundo, têm dois pontos e dividem a vice-liderança da chave, liderada pelo Paraguai - que tem quatro -, com os próprios neozelandeses, donos de campanha idêntica (dois jogos, dois empates, dois gols pró e dois gols contra).

A decisão das vagas nas oitavas de final ficou para a última rodada, quando a Azzurra encara a Eslováquia, quinta-feira, às 11h (de Brasília), em Joanesburgo, precisando vencer para seguir adiante. Na mesma situação, a Nova Zelândia encara o Paraguai, em Polokwane, no mesmo dia e horário.

Igualdade e lances polêmicos na primeira etapa
Não era Rugby, como gostam os neozelandeses, mas também não era o futebol que a Itália está acostumada a jogar. Com muitas faltas e passes sem direção, a partida parecia uma mistura de judô com jogo dos sete erros. Melhor para a Nova Zelândia, que teve oportunidade de usar a única jogada em que costuma levar perigo: a bola parada.

Aos três, em cruzamento pela direita, a defesa italiana foi eficiente e afastou o perigo. Quatro minutos depois, a zebra galopou no estádio listrado de preto e branco de Nelspruit. Elliot cobrou falta pela esquerda, Reid desviou de cabeça no meio do caminho e contou com um atrapalhado Cannavaro para encontrar Smeltz, no segundo pau. O atacante estava em impedimento, mas, como o árbitro não marcou, não tinha nada com isso e cutucou por baixo de Marchetti para abrir o placar.

Foram apenas oito minutos de um esporte “diferente” do futebol. O suficiente para a Nova Zelândia largar na frente, se mandar toda para o campo defensivo e aturar a pressão italiana. Logo aos nove, Montolivo levantou a bola na área, ninguém desviou, e Paston afastou no susto. Participativo pela direita, Pepe tentava levar a Itália para o ataque na base da correria. Nada que desse muito certo diante do nervosismo de seus companheiros.

A primeira boa chance surgiu aos 16. Insistindo no chuveirinho, a Azzurra encontrou Chiellini com liberdade na pequena área. O zagueiro, por sua vez, sem o menor cacoete de atacante, chutou torto. A esta altura, a posse de bola dos europeus já superava os 65%. No entanto, um número neozelandês impressionava ainda mais: eram oito defensores dentro da área bloqueando as ações adversárias.


Com outra atuação sofrível, Itália decepciona contra a Nova Zelândia


Mais ofensivo do que de costume, Zambrotta confiou na jabulani e assustou em chute de longe aos 21. Era um bom caminho. Montolivo fez uso da mesma arma cinco minutos depois e acertou a trave. De tanto pressionar, a Itália se aproximava do gol e ganhou uma chance de ouro de presente aos 28.

Criscito fez o cruzamento sem direção, mas Smith, em lance polêmico, puxou a camisa de Rossi no meio da área. Pênalti duvidoso. Iaquinta, que também não tem nada com isso, cumpriu sua obrigação, deslocou o goleiro e empatou.

O gol tranquilizou os italianos, mas não alterou em nada a postura da Nova Zelândia, que se manteve estática na defesa. Sem criatividade, a Azzurra seguia com apenas duas opções: bolas aéreas e chutes de longe. E foi justamente de fora da área que De Rossi quase conseguiu a virada, aos 45. Paston fez boa defesa e garantiu um improvável empate nos 45 minutos iniciais.

Muita pressão, pouca qualidade e nada de gol
Na volta para o segundo tempo, Marcello Lippi fez uso de sua arma nada secreta: o artilheiro do Campeonato Italiano, Di Natale. O atacante da Udinese entrou na vaga de um apagado Gilardino, e com apenas cinco minutos em campo fez mais do que o companheiro tem toda a etapa inicial ao emendar de primeira para boa defesa de Paston.

Outra alteração na Azzurra foi a entrada de Camoranesi na vaga do corredor Pepe. O jogador do Juventus até melhorou a qualidade do passe no meio, mas a Azzurra encontrava muita dificuldade para penetrar a defesa adversária. Se os neozelandeses não dançavam o Haka, dança típica ensaiada para afugentar os inimigos, ao menos se portavam como tal, quase sempre com dez jogadores atrás da linha da bola.

Aos 15, De Rossi em passe longo encontrou espaços para Iaquinta, que fez o pivô e chutou para fora. Como de costume, ataques da Nova Zelândia eram raros e o time da Oceania praticamente esgotou sua cota de finalizações aos 17, quando Vicelich chutou com perigo da entrada da área.

Montolivo lamenta mais uma oportunidade desperdiçada no segundo tempo (Foto: Getty Images)

E a avalanche italiana tinha continuava sem dar resultado. Sem criatividade, a opção era apelar para chutes de fora da área. Montolivo e Di Natale arriscaram aos 24 e 34, respectivamente. Não foram felizes.

Quem mais se aproximou do sucesso nos arremates, por incrível que pareça, foi a Nova Zelândia. Após chutão da zaga, aos 37, Wood ganhou de Cannavaro no alto, invadiu a área e chutou cruzado rente a trave. Foi a terceira e última conclusão dos “All Whites” na partida. O suficiente para garantir um ponto histórico contra uma desorganizada e nada assustadora campeã do mundo.

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