Berlusconi e Kadafi, imagem arquivo virtual
Roma - A Anistia Internacional (AI) pediu em carta ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que durante o encontro com o líder líbio Muammar Kadafi sejam tratadas questões sobre os direitos humanos, cujas violações são "graves" no país africano, que vive uma ditadura militar desde 1969.
Na missiva, a AI reforça que os parceiros internacionais da Líbia devem colocar a situação dos direitos no centro das conversas, e que a nação tem a responsabilidade de respeitar suas obrigações internacionais no assunto e lidar com as violações sem escondê-las.
Isso permitiria superar a contradição de fazer parte do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (CDH/ONU) e, ao mesmo tempo, negar as visitas de seus especialistas independentes.
A Itália, em particular, segundo a organização, poderia assumir um papel principal no diálogo sobre o tema e empenhar-se a partir dos encontros previstos entre Kadafi e Berlusconi, com vistas à Revisão Periódica Universal (UPR) do CDH, que será realizada na Líbia em novembro.
Em junho passado, a AI divulgou um relatório baseado também em pesquisas de campo realizadas em 2009 e com atualizações até maio de 2010 que denunciava uma série de violações no país, entre as quais tortura, agressão a mulheres e grande incidência da pena de morte.
Segundo o levantamento, muitos presos assinaram "confissões" após terem sido torturados, entre outros abusos cometidos pelas forças policiais.
Os métodos mais usados são espancamentos, inclusive nas plantas dos pés, choques elétricos, suspensão pelos braços e a negação deliberada de assistência médica.
Na Líbia também são previstas punições corporais, inclusive a flagelação, para condenados por terem mantido relações sexuais extraconjugais -- os quais podem pegar até sete anos de cadeia.
A pena de morte é castigo para um vasto número de crimes, que inclui também o exercício das liberdades de expressão e associação.
Conforme a AI, essas sentenças continuam sendo impostas pelos tribunais ao final de processos que violam as normas internacionais sobre julgamentos imparciais, e atingem de forma desproporcional cidadãos estrangeiros.
Nesta segunda-feira, Kadafi e Berlusconi participaram da comemoração do segundo aniversário do Tratado de Amizade, Associação e Cooperação entre os dois países. A celebração incluiria uma encenação em um quartel nas proximidades de Roma.
O líder líbio chegou no início da tarde do dia 29 a Roma para uma visita de dois dias. No domingo, ele se encontrou com centenas de jovens mulheres para conversar sobre religião, como fez na ocasião anterior em que esteve na Itália, em novembro do ano passado.
Com informações da www.ansait/www.talianos.it
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