Roma - O ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, afirmou que "prevaleceu a razão de Estado sobre a ética política" no caso do ex-ativista Cesare Battisti, detido na penitenciária da Papuda, em Brasília, e cuja extradição é solicitada pela Itália.
O titular da pasta da Defesa fez a declaração hoje, ao participar de um encontro com representantes industriais de seu país. Na mesma ocasião, ele destacou também que, ao negociar a venda de armamentos ao Brasil, precisou manter uma postura diferente da que gostaria de ter tido.
"Esforcei-me para assinar também com o Brasil algumas relações que a minha vontade dizia de manter no máximo em stand by", continuou La Russa, dizendo que manteria a política "ao menos até que a atual indecisão sobre a restituição à Itália de um terrorista como Cesare Battisti seja superada".
Em abril passado, em reunião em Washington, Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o premier italiano, Silvio Berlusconi, assinaram uma parceria estratégia bilateral que, entre outros, incluía a cooperação em matéria técnico-militar e de defesa. Meses depois, em junho, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acertou com as autoridades italianas ajustes em tal acordo.
O ex-ativista italiano, que pertencia ao grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), foi condenado à prisão perpétua em seu país por quatro homicídios cometidos na década de 1970. Após ter fugido da Itália, passando por México e França, Battisti foi preso no Brasil em 2007, e recebeu em janeiro de 2009 o status de refugiado político concedido pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro.
No fim do último ano, o caso foi ainda analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que se posicionou a favor da extradição, como requere o Estado italiano. O parecer deve também ser avaliado por Lula, que não se pronunciou até o momento.
No sábado passado, o chanceler italiano, Franco Frattini, pediu ao governo brasileiro que decida sobre o destino do ex-militante do PAC antes do término do mandato atual.
"Pediremos às autoridades brasileiras que, antes do fim de seu mandato, o presidente Lula aplique o tratado de extradição em vigor entre Itália e Brasil para o terrorista Cesare Battisti", afirmou Frattini, ao participar da apresentação do livro "Gli amici del terrorista. Chi protegge Cesare Battisi" (2010), de Giuseppe Cruciani.
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