G1 com agências internacionais - Forças de EUA, Reino Unido, França, Canadá e Itália começaram neste sábado (19) a bombardear a Líbia para tentar impedir os ataques do governo do ditador Muammar Kadhafi a civis, segundo o Pentágono.
Os ataques da coalizão, segundo o Pentágono, vão mirar a princípio instalações militares em torno das cidades de Trípoli, capital, e Misrata, em uma operação batizada de "Odyssey Dawn" (Odisseia Aurora).
Mais de 110 mísseis de cruzeiro Tomahawk foram lançados de embarcações americanas e britânicas, segundo vice-almirante Bill Gortney, diretor do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA. Foram alvejadas cerce de 20 instalações, todas na costa.
Os principais alvos são instalações do sistema integrado de defesa antiaérea e de comunicações estratégicas. Sua destruição abriria caminho para que aviões tripulados da coalizão possam sobrevoar o território líbio.
Até o momento, de acordo com o militar não há aviões americanos sobre território líbio, e não há tropas americanas no solo.
O vice-almirante também afirmou que o ataque deste sábado é a primeira fase de uma operação com múltiplas fases. Como ela ocorreu à noite no horário local, ainda iria demorar para avaliar o resultado da operação.
O presidente dos EUA, durante visita a Brasília, afirmou que autorizou uma "ação militar limitada" no país do norte da África. Assista ao lado.
O premiê britânico, David Cameron, confirmou que forças britânicas já estão em ação na Líbia. Ele disse que a operação é "necessária, legal e justa".
Os primeiros ataques deste sábado foram feitos por caças da Força Aérea da França, que destruíram alguns tanques e veículos armados. O número de veículos destruídos não foi confirmado. Os ataques começaram às 18h45 locais (13h45 de Brasília).
'Alvos civis'
A TV estatal líbia informou que "cruzados estrangeiros" estão bombardeando alvos civis nas cidades de Trípoli, Benghazi, Zuwarah, Sirte -cidade natal de Kadhafi- e Misrata durante a noite. Um depósito de combustível próximo a Misrata e um hospital na periferia de Trípoli teriam sido atingidos.
Testemunhas ouvidas pela France Presse afirmaram que ouviram explosões ao leste de Trípoli, com bolas de fogo no céu.
A agência estatal Jana afirmou que ambulâncias estavam transportando vítimas civis na capital, mas não havia confirmação independente.
Ações nos próximos dias
O chanceler da França, Alain Juppé, disse que as ações militares vão continuar nos próximos dias, até Kadhafi cumprir as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, aprovadas na quinta-feira, de cessar ataques a civis.
Segundo Juppé, o objetivo das ações é "livrar o povo líbio" de Kadhafi -apesar de isso não constar do texto da resolução das Nações Unidas.
Contestado há mais de um mês por uma revolta popular que chegou a tomar várias regiões do país, Kadhafi reagiu violentamente, o que provocou milhares de mortos e levou o país a uma situação de caos humanitário.
A comunidade internacional vinha pressionando o regime diplomatica, economica e militarmente, exigindo a renúncia do coronel, mas ele reafirmava a intenção de continuar no poder.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que a violência na Líbia deve terminar, mas disse que seu país não vai tomar parte na ação militar.
A Rússia lamentou a "intervenção armada estrangeira na Líbia", em um comunicado do porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Alexandre Loukachevitch.
A rede de televisão Al Jazeera relatou que o Conselho Popular Líbio coordena esforços com a coalizão internacional que lançou ataques aéreos.
Combates
Apesar dos relatos sobre a desobediência ao cessar-fogo, autoridades líbias negaram ter atacado rebeldes e disseram estar respeitando o cessar-fogo.
O ministro líbio de Relações Exteriores, Musa Kusa, pediu neste sábado ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o envio de observadores para verificar o cessar-fogo decidido na sexta-feira, e cumpre a resolução da ONU.
"Anunciamos um cessar-fogo, prova de que a Líbia respondeu de forma positiva às decisões da ONU", declarou Musa Kusa em coletiva de imprensa em Trípoli. "E para demonstrar nossa credibilidade, pedimos ao secretário-geral da ONU que envie observadores internacionais", completou.
Segundo a agência de notícias France Presse, milhares de pessoas fugiam neste sábado de Benghazi. Na localidade de Al Marj, 50 km a leste de Benghazi, na estrada rumo a Tobruk, localizada perto da fronteira com o Egito, foram registrados engarrafamentos.
Mais cedo neste sábado, rebeldes disseram que tropas do ditador invadiram Benghazi, forçando os opositores a recuarem e desafiando as ordens de cessar-fogo feitas pelas Nações Unidas na sexta-feira. A rede árabe Al Jazeera noticiou que 26 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas neste bombardeio.
Segundo a Reuters, forças líbias leais a Kadhafi também dispararam contra a cidade rebelde de Misrata no início deste sábado e o fornecimento de água continua interrompido, disse um morador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário