Por Silvia Lambertucci - Uma mensagem de texto para salvar a Itália, a paisagem, a arte, os monumentos. E também para dar um empurrão nos políticos, que ainda parecem estar surdos quanto a isso. O Fundo do Meio Ambiente da Itália (FAI) lança uma nova campanha - Ricordati di salvare l'Italia (Lembre-se se salvar a Itália) e convoca todo o país a fazer uma pequena doação, em sinal de interesse para com o patrimônio italiano. O tema é a cultura mas a mensagem ''é política'', adverte a presidente Ilaria Buitoni, porque ''ao falar sobre o desenvolvimento nestes dias de crise, ninguém citou uma política de proteção do patrimônio cultural''.
Se a classe política é surda (na coletiva à imprensa o presidente do Conselho Superior dos Bens Culturais, Andrea Carandini, também apontou o dedo para o premier Silvio Berlusconi: ''um chefe de governo que cuida de tudo, menos da cultura, é muito indicativo e dificulta também o trabalho do ministro dos Bens Culturais'') entre os italianos alguma coisa parece estar mudando. O vice-presidente Marco Magnifico cita uma pesquisa encomendada pelo FAI à Human Highway: ''Passado um ano, oito em cada 10 italianos não esqueceram o desmoronamento ocorrido em Pompéia. Foi com a queda de um muro, como em Berlim, que as pessoas abriram os olhos e começaram a se preocupar''.
No entanto, só se preocupar não é suficiente. Para realmente mudar as coisas, exortam Buitoni e Magnifico, é necessária a participação de todos: do Estado, das Regiões, das entidades locais e também dos italianos.
Em tempos de crise, não poderia ser de outra forma, observa Carandini, que também se preocupa com os novos cortes no orçamento, que poderiam afetar o Ministério da Cultura (''O ministro da pasta, Giancarlo Galan, se esforça para conseguir a isenção, mas ninguém sabe será bem sucedido''). Daí a nova campanha que, de hoje a 31 de outubro, se articula em uma série de iniciativas. Magnifico lembra os vários projetos levados a cabo pelo FAI em mais de 35 anos de atividade. ''De 1975 até nossos dias levantamos mais de € 67 milhões para o patrimônio italiano. Temos experiência suficiente para sermos confiáveis. Os números não são pequenos: mais de 80 mil inscrições, 46 bens restaurados, dos quais 23 abertos ao público. A nova campanha visa arrecadar fundos, mas não só isso: quer acordar os italianos do sono e do torpor aos quais foram acostumados pelo Estado, que não cuida adequadamente de seu patrimônio", ressalta ele.
A nova campanha é em larga escala e há várias formas de participar. Além do SMS via celular (a ligação para o número 45506 custa € 2), também é possível doar € 5 ou € 10 através da rede de telefonia fixa. O FAI também fechou parcerias com o Banco Popular de Vicenza, supermercados, lojas de departamento, Correios Italianos e hotéis. Além disso, nos próximos dias 15 e 16, em mais de 60 cidades do país o FAI estará nas praças, com visitas guiadas, itinerários especiais, exposições, shows, degustações e atividades para as crianças. E com os voluntários das delegações FAI que ajudarão a vender caixas de alcaçuz Amarelli. Comerciais no rádio e na TV (com trilha sonora doada por Antonella Ruggiero), além de campanhas impressas vão lembrar a iniciativa, com o apoio de jogadores de futebol da primeira divisão nos dias 22 e 23 de outubro, mas também mensagens gravadas por grandes nomes do entretenimento, da cultura e do esporte: de Roberto Bolle a Carlo Verdone, de Federica Pellegrini a Dacia Maraini. Todos juntos para salvar a Itália.
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