Ex-premiê sugeriu permanência de Mario Monti à frente do país em crise.
Atual premiê disse que, se houver impasse política, ele pode ficar no posto.
O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi disse nesta terça-feira (9) que pode não se candidatar às próximas eleições e sugeriu que o premiê tecnocrata Mario Monti poderia permanecer como chefe de um governo de centro-direita.
A decisão de Berlusconi, que revela temores de uma vitória da
centro-esquerda, indica que ele perdeu esperança de ganhar apoio
suficiente para montar uma campanha de credibilidade como líder da
centro-direita, que está bem atrás nas pesquisas de intenção de voto.
O anúncio foi recebido com ceticismo por muitos políticos e analistas,
que viram como um movimento tático que enfatizou a fraqueza do partido
de Berlusconi e não disse muito sobre a probabilidade de Monti
permanecer após a eleição.
O próprio Monti tem dito repetidamente que não vai concorrer, mas
estaria disposto a ficar no cargo pelo bem do país se houver um impasse
político após as eleições, que devem acontecer em abril.
Berlusconi afirmou que queria unir uma ampla coligação capaz de
derrotar a centro-esquerda, e estava preparado para desistir de sua
candidatura para obter o apoio de pequenos partidos centristas que têm
estado relutantes em juntar forças com o partido Povo da Liberdade
(PDL), de Berlusconi.
"Silvio Berlusconi sempre disse e continua a dizer que está pronto para
ficar de fora para permitir que todos os moderados se unam em uma única
força que possa enfrentar a esquerda juntos", disse ele à sua própria
rede de televisão Canale 5.
O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi em Bruxelas, na Bélgica, em 28 de junho (Foto: AFP)
"Eu sempre quis o bem do país que eu amo, eu nunca tive qualquer
ambição pessoal", acrescentou, recusando-se a identificar um potencial
líder caso ele realmente desistisse, embora tenha dito que Monti poderia
liderar um governo de centro-direita.
Monti conta com forte apoio dos empresários da Itália
e possui amplo apoio internacional por seus esforços para conter a
elevada dívida pública do país e reformar a economia estagnada.
Mas ainda não está claro até que ponto o anúncio de Berlusconi aumenta
as chances de um segundo mandato de Monti, com as pesquisas de opinião
mostrando pouco apetite do público pela permanência do ex-comissário
europeu.
Os políticos de centro-esquerda apoiam Monti no Parlamento, mas
consistentemente afirmam que o próximo governo deveria ser formado por
uma coalizão eleita democraticamente. Eles também demonstram forte
objeção a uma repetição do governo tecnocrata de Monti.
Berlusconi, forçado a renunciar no ano passado em meio a uma grande
crise financeira, indicou diversas vezes que planeja retornar à linha de
frente da política, mas nunca confirmou claramente suas intenções.
O PDL passa por fortes divisões entre os defensores de Berlusconi e
outros, incluindo partidários centristas do governo de Monti que querem
criar uma força europeia convencional de centro-direita.
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