A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deu o primeiro passo
para a regulamentação dos tratamentos da medicina tradicional chinesa
no país.
O embrião do projeto, o anúncio de que deve ser montada uma proposta de
regulação, já foi publicado no "Diário Oficial". A agência espera que a
consulta pública comece ainda em 2012 e tenha duração de 90 dias.
Milenar, a medicina tradicional chinesa envolve uma visão global do
paciente e trabalha sobretudo com o conceito de equilibrar o organismo.
Para isso, são usadas várias técnicas, como acupuntura, tuiná (um tipo
de massagem) , exercícios como o tai chi chuan e também compostos e
fitoterápicos.
"Cada praticante pode aplicar um ou mais desses [tratamentos], de acordo
com a necessidade percebida na realização da avaliação", explica o
fisioterapeuta Reginaldo de Carvalho Silva Filho, diretor da Ebramec
(Escola Brasileira de Medicina Chinesa).
Apesar de milenares, os compostos são alvo de muita polêmica. Partes de
animais, inclusive de espécies em extinção, costumam ser mescladas às
fórmulas.
A prática -que inclui especialmente ossos, chifres e até pênis dos
animais- já foi responsabilizada pelo declínio de várias populações na
Ásia, com destaque para as de tigres e rinocerontes.
A Anvisa diz que, no primeiro momento, o objetivo é criar um sistema de
regulação diferenciado dos usados para os fitoterápicos e os
medicamentos alopáticos.
Por meio de sua assessoria, a agência informou que a composição
multifatorial das fórmulas da medicina tradicional chinesa requer
parâmetros diferentes de avaliação, que não se limitam à checagem de um
princípio ativo.
No começo, os compostos devem ser alvo somente de um monitoramento de possíveis efeitos adversos.
Os médicos e profissionais de saúde seriam orientados a relatar efeitos
adversos e outros problemas à Vigilância Sanitária, a exemplo do que já é
feito com os medicamentos "comuns".
IMPORTAÇÃO
A discussão na Anvisa abre caminho para a regularização da entrada das
fórmulas no Brasil. Há muitos remédios patenteados e produzidos por
grandes farmacêuticas chinesas, mas que ainda não conseguiram seus
registros devido à inexistência de regras claras para a terapia de
origem oriental por aqui.
De acordo com a Anvisa, nenhuma das fórmulas chinesas do tipo que
misturam minerais, animais e plantas tem registro para ser
comercializada no Brasil. As que porventura estão à venda entraram
ilegalmente no país, diz a agência.
Segundo o médico reumatologista Aderson Moreira da Rocha, especialista
na medicina tradicional chinesa, no Brasil os remédios usados nesse tipo
de tratamento são sobretudo de origem vegetal.
"Na realidade do Brasil, optamos por usar muito mais a fitoterapia. Até
por uma questão de preço, porque são mais baratos", diz ele.
De acordo com a assessoria da Anvisa, mais detalhes do projeto só serão
possíveis após a consulta pública, que servirá para reunir dúvidas e
demandas de profissionais, pacientes e da comunidade.
www.folhauol.com.br
imagem arquivo virtual Google
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