O premiê italiano Enrico Letta
(Foto: Tony Gentile/ Reuters)
O premiê italiano, Enrico Letta, entregará sua renúncia na sexta-feira,
após seu Partido Democrático pedir para que ele deixe o cargo para dar
lugar a um novo governo, informou a agência de noticias Reuters, citando
um comunicado oficial do gabinete do premiê.
Letta entregará sua carta ao presidente Giorgio Napolitano, que deve
pedir ao lider do partido Matteo Renzi para formar um novo governo.
Renzi já havia pedido nesta quinta-feira (13) a formação de um novo
governo, em um desafio direto a Letta. A direção do partido "nota a
necessidade e a urgência de abrir uma nova etapa com um novo executivo",
disse Renzi na abertura de uma reunião do partido em Roma.
Letta, um discreto moderado indicado para comandar um gabinete
pluripartidário após as inconclusivas eleições de 2013, luta por seu
futuro político diante das crescentes críticas de Renzi por conta do
ritmo lento das reformas econômicas.
Os 140 membros da cúpula do PD se reúnem para decidirem se Letta tem
apoio suficiente para permanecer na chefia do governo, que ocupa há
menos de um ano.
A Itália, terceira maior economia da zona do euro, vive crises
políticas recorrentes, e o novo episódio por enquanto não afetou os
mercados financeiros - ao contrário do que ocorreu em impasses
anteriores, como o que se seguiu à eleição de 2013.
Mas a contínua incerteza atrapalha qualquer tentativa radical de
promover uma retomada do crescimento econômico. A Itália vive sua pior
situação econômica desde o final da Segunda Guerra Mundial, e o
desemprego é o maior desde a década de 1970.
Se Renzi conseguir depor Letta, como prevê a maioria dos analistas, ele
será o terceiro premiê consecutivo a chegar ao cargo sem votos, depois
do tecnocrata Mario Monti e de Letta, nomeado primeiro-ministro após
semanas de infrutíferas discussões entre partidos rivais.
Renzi, um ambicioso político de 39 anos, ex-prefeito de Florença, não
ocupa cargo parlamentar e nunca disputou uma eleição em nível nacional.
Ele chegou à cena política como uma promessa de renovação nas bizantinas
tradições da política italiana, mas sua eventual ascensão à chefia de
Estado, numa manobra de bastidores, lembra a "porta giratória" que
caracterizou os governos democratas-cristãos do passado.
"Essa é uma operação perigosa por parte de Renzi, tanto para o país
quanto para si mesmo", disse Giovanni Toti, assessor do ex-premiê
direitista Silvio Berlusconi, à TV pública RAI.
"Ele deveria ser o forasteiro que iria renovar o PD. Agora, assim que
se aproxima do poder, está se comportamento exatamente como todos os
outros."
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