sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Civita di Bagnoregio é boa opção para passar Réveillon zen

Roma -  Para quem não gosta da festa de Réveillon e prefere passar a data sozinho, afastado de tudo e de todos: essa é a sua chance. Uma boa opção para realizar esse feito é conhecer a associação budista Soka Gakkai, na Itália.

No dia 31 de janeiro, está marcado um encontro para os vários praticantes do mantra Nam Myoho Renge Kyo em Civita di Bagnoregio, considerada a "cidade que morre".

Nada mais sugestivo para um não budista, um não religioso, um laico ou um agnóstico. Ou até mesmo para um católico, já que nos dias 26 de dezembro, 1, 4 e 6 de janeiro será encenado o tradicional presépio vivo nas desabitadas estradas do centro.

O cenário é verdadeiramente único no mundo: isolada no sentido absoluto, a cidadezinha de 12 habitantes só é acessada através de uma ponte de cimento armado construída em 1965. E é necessário ser rápido porque a erosão da colina que a sustenta está cada vez mais veloz e agressiva.

Porém, o local é perfeito para começar um ano novo espiritual: recitando textos em frente a um pequeno Gohonzon portátil (chamado também de "Omamori", é um pergaminho em frente ao qual os budistas Nitiren Daishonin recitam o mantra que os guiam por toda a vida) e escutando o "som do silêncio". Além disso, o local oferece um visual do Valle dei Calanchi, aos pés da cidade, entre o Lago Bolsena e o Valle del Tevere - área formada pela erosão e pelos deslizamentos de 2005.

O local também é conhecido por preservar sua antiga história. A cidadezinha foi fundada pelos etruscos, há 2,5 mil anos, sobre uma das estradas mais antigas da Itália, a qual ligava Tevere (a grande estrada da Itália central) ao Lago Bolsena.

A grande diferença para hoje são as ligações para o local. Atualmente, a única via para a cidade é a de Santa Maria, quando há muitos anos existiam cinco acessos. Um dos passeios que é preciso fazer para começar bem 2015 é conhecer o quanto a Idade Média e o Renascimento estão presentes em cada canto do local, ainda que a rua de São Francisco guarde traços da colonização etrusca. Os mais corajosos pode ir até a gruta de São Boaventura, uma tumba dos etruscos, e ao "Bucaione", um túnel profundo que atinge a parte mais baixa da cidade.

Mas, seguramente, o encanto de Civita está no fato de ter sido abandonada há mais de dois mil anos, desde o tempo dos romanos. Ela foi deixada para trás porque eles estavam cansados de fazer manutenção dos canais de escoamento de água criados pelos etruscos, que eram utilizados para fazer uma correta drenagem da água da chuva. Já naquela época, as águas causavam uma perigosa erosão que fez com que os romanos simplesmente abandonassem a cidade.

No dia 1º de janeiro, para os católicos e também para os curiosos, é realizado um belíssimo presépio vivo pelas ruas da vila e uma visita guiada até a Igreja de São Donato (na praça principal), ao Palácio Episcopal (construído no século XVI), à casa natal de São Boaventura e ao portal de Santa Maria, com seus dois leões que têm entre as pernas uma cabeça humana. A obra é uma recordação da revolta popular dos habitantes de Civita contra a família dos Monaldeschi.

Na realidade, o local vale a visita também na sexta-feira santa, a data mais agitada na cidade. Em uma sugestiva cerimônia, o crucifixo da igreja principal é transportado pelas ruas na secular Procissão de Bagnoregio. (ANSA)

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