sábado, 31 de janeiro de 2015

Sergio Mattarella é eleito presidente da Itália

Roma - O juiz da Corte Constitucional Sergio Mattarella, de 73 anos, foi eleito na manhã deste sábado (31) para ser o novo presidente da República da Itália, em mais uma vitória política do primeiro-ministro Matteo Renzi.

O novo presidente da República nasceu em Palermo, é viúvo e tem três filhos. Seu irmão mais velho, Piersanti Mattarella, também um político de orientação democrata-cristã, foi assassinado pela Cosa Nostra em 1980, quando era governador da Sicília, por ter contrariado interesses dos mafiosos.

Na quarta votação em sessão conjunta do Parlamento para escolher o próximo chefe de Estado do país, o magistrado conseguiu superar com folga a maioria simples de 505 votos, de um total de 1.009. Seu nome é uma indicação do premier, que queria uma pessoa capaz de atingir o maior consenso possível e unir a até então dividida centro-esquerda italiana.

O Partido Democrático (PD), liderado por Renzi, havia votado em branco nos três primeiros escrutínios - quando o quorum mínimo para ser eleito era de 673 votos - para preservar o nome de Mattarella para o sufrágio deste sábado.

"Meu pensamento vai, sobretudo e acima de tudo, para as dificuldades e esperanças dos nossos concidadãos. Isso basta", disse o magistrado após receber da presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, a comunicação oficial de sua eleição.

 O novo presidente da Itália irá tomar posse nesta terça-feira, dia 3, às 10h no horário local (cerca de 7h, no horário de Brasília). Cerimônia será realizada no Palácio Montecitorio, sede da Câmara de Deputados.

Ligado à legenda centro-esquerdista e com origens na democracia cristã, o juiz já foi ministro para as Relações com o Parlamento (1987-1989), da Educação (1989-1990) e da Defesa (1999-2001). Em 2011, foi nomeado pelo Congresso para integrar a Corte Constitucional da Itália, posto que ocupa até hoje.

Sua trajetória política também foi permeada por desavenças com o ex-premier Silvio Berlusconi, que não gostou da indicação de Renzi e orientou seu partido, o Forza Italia (FI), a votar em branco no quarto sufrágio para ver se o PD conseguiria elegê-lo sozinho.

Aliás, o senador cassado é tido como um dos grandes derrotados desse pleito. Durante todo o seu ano inicial de mandato, o atual primeiro-ministro manteve com Berlusconi um acordo em torno de algumas de suas principais reformas, como a eleitoral, apesar de serem adversários políticos. O acerto era chamado de "Pacto de Nazareno", uma referência à rua onde fica a sede do Partido Democrático, em Roma.

Nesse período, Renzi foi bastante criticado, inclusive por uma facção do PD, por negociar com o ex-premier e definir junto com ele projetos essenciais para a nação. O medo era de que o acordo entre os dois envolvesse também a nomeação para a Presidência, com a indicação de um nome que desse salvaguarda a Berlusconi, ainda envolvido em problemas jurídicos.

Esse temor se reforçou quando, no início de janeiro, o Forza Italia foi essencial para o governo aprovar sua reforma eleitoral. No entanto, logo depois Renzi indicou o nome de Mattarella, desafeto do senador cassado, que chegou a acusar o chefe de governo de traição.

O novo presidente italiano também teve sua vida marcada pela máfia. Em 1980, seu irmão mais velho, Piersanti Mattarella, então governador da Sicília, foi morto em um atentado da Cosa Nostra por contrariar interesses dos criminosos. O magistrado irá suceder Giorgio Napolitano (2006-2015), que renunciou no dia 14 de janeiro, aos 89 anos, devido à idade avançada. Seu mandato vai até 2022.

Votação
Ao todo, Sergio Mattarella recebeu 665 votos no Parlamento, de um total de 1.009. Em seguida, aparecem o também juiz Ferdinando Imposimato (127), apoiado pelo oposicionista Movimento 5 Estrelas (M5S), e o jornalista e escritor Vittorio Feltri (46), sustentado pela legenda de extrema-direita Liga Norte.

Além disso, 105 parlamentares votaram em branco, já que o ex-premier Silvio Berlusconi orientou o FI a se posicionar desta maneira. Os votos restantes ficaram distribuídos entre vários candidatos ou foram anulados. (ANSA)

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