quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Igreja faz duro ataque à política migratória italiana

Roma - Um dos principais representantes da Igreja Católica no país, o secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), monsenhor Nunzio Galantino, atacou nesta quarta-feira (12) a política migratória do governo do primeiro-ministro Matteo Renzi e disse que resgatar pessoas no mar não é suficiente para deixar tranquila a "consciência nacional".

    As declarações foram dadas à revista "Famiglia Cristiana" e representam o mais duro ataque do catolicismo às medidas adotadas por Roma para conter a crise no Mediterrâneo. "O governo está de todo ausente no tema da imigração. Não basta salvar os imigrantes no mar para deixar tranquila a consciência nacional. As leis, basicamente, repelem os imigrantes e não preveem integração positiva", afirmou o religioso.

    Além disso, Galantino chamou de uma "banalidade assustadora" as acusações de que a CEI e a Caritas, organização beneficente da Igreja, lucram com a crise migratória, lançadas principalmente pelo líder do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini.

    "A polícia leva os imigrantes até nossas estruturas. Nós damos um jeito, tiramos dinheiro do nosso bolso e ninguém lucra. Há bispos que hospedam imigrantes em suas casas e nunca encheram os bolsos de dinheiro. Salvini, Zaia e Grillo podem dizer o mesmo?", ressaltou o secretário da CEI, fazendo referência ao governador do Vêneto, Luca Zaia (Liga Norte), e ao fundador e cérebro do Movimento 5 Estrelas (M5S), Beppe Grillo, todos adversários do atual governo italiano.

    A resposta de Salvini não demorou a chegar. Como costuma fazer nas polêmicas em que se envolve, ele usou o Facebook para rebater o monsenhor. "O senhor Galantino, porta-voz dos bispos, acha que os italianos devem acolher todos os imigrantes sempre. A imigração sem limites e sem regras é apenas caos", escreveu.

    Da parte do governo, quem se pronunciou foi a vice-secretária do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) - sigla liderada por Renzi -, Debora Serracchiani. "A todos aqueles que dispensam soluções, a quem dá juízos mesquinhos, a quem acha tudo fácil, respondemos que este governo está enfrentando com racionalidade uma solução difícil e está fazendo isso muito melhor que em outros lugares", destacou a política, que também é governadora da região do Friuli-Veneza Giulia.

    Enquanto isso, 417 imigrantes desembarcaram nesta quarta-feira no porto de Reggio Calabria, no sul da Itália, sendo 259 homens, 95 mulheres (três grávidas) e 63 menores de idade. Socorridos no Mediterrâneo, eles foram submetidos a exames médicos e a procedimentos de identificação. (ANSA)

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