segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Enquanto isso, saiba como vivem os parlamentares em Brasília


O deputado Frank Aguiar (PTB-SP) usou as cores do partido para decorar o apartamento funcional onde mora (Foto: Ueslei Marcelino/G1)

A Câmara dos Deputados deu início a um processo de reforma dos apartamentos funcionais. Anunciou obras e pretende aumentar a taxa de ocupação nos edifícios. No entanto, a vida em um apartamento funcional não traduz a realidade de todos os 513 deputados.

Antes de tudo, porque não há apartamentos suficientes para todos. Segundo, porque apenas 224 imóveis estão ocupados - o restante, quase metade do total, está em situação precária. Além disso, morar no “funcional” é uma opção do deputado. Se quiser, ele pode receber um auxílio-moradia de R$ 3 mil por mês - escolha feita por 277 deputados.

Há deputados que alugam casas, outros que preferem hotéis, há os que optam por não utilizar o apartamento funcional nem receber o auxílio-moradia e até quem receba o benefício mesmo tendo casa própria, o que não é proibido. Receber o auxílio-moradia ou ocupar um apartamento funcional é uma opção do parlamentar. Na Câmara, dez deputados não solicitaram o benefício nem moram em imóveis da Casa. No Senado, quatro parlamentares estão nessa situação .

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) mora em uma casa própria, financiada pela Caixa Econômica Federal, e recebe o auxílio-moradia “como qualquer mortal”.Segundo ele, a casa é “simples” - fica em um condomínio fechado em Águas Claras, próximo a Brasília, e tem seis quartos.

“Tu tens auxílio-moradia, tu faz o que quer com o dinheiro. Tem gente que prefere mansão, outros preferem apart-hotel, tem gente que prefere morar no apartamento. Tu quer dizer pra mim como é que eu tenho que fazer com o dinheiro que eu recebo? Eu faço aquilo que eu achar conveniente”, respondeu ao G1.

Deputado federal desde 1999, Mattos conta que financiou a casa no primeiro mandato, após morar um ano em um apartamento funcional. “No apartamento, ligava a água do banheiro e saía ferrugem por causa dos canos de ferro. Pra escovar os dentes tinha que usar um banquinho porque a pia é muito alta, foi feita para gigante. É meio fora da lógica”, reclama.

Estreante na Câmara, o cantor de forró Frank Aguiar (PTB-SP) está satisfeito com o apartamento funcional onde mora. “Conservei alguma coisa legal de lá e montei um belo apartamento. Até porque a gente vai viver durante quatro anos e você tem que ter prazer de voltar pra casa“, diz.

O deputado não diz quanto gastou com a reforma, mas caprichou. O apartamento ganhou as cores do PTB - preto, vermelho e branco - sofá de camurça, televisão de plasma, cortinas, poltronas, quadros e artesanato do Piauí. O resultado agradou. “A gente trabalha muito. Então chega no final de noite eu gosto de oferecer um happy hour, um drinque, um jantar... Senão fica uma vida muito solitária”, diz.

Para alguns parlamentares, no entanto, encontrar um apartamento funcional bem conservado é questão de sorte – ou de falta dela. Reinaldo Nogueira (PDT-SP) chegou a procurar um imóvel da Câmara, mas o tempo de espera – 90 dias para reforma, segundo ele - fez com que desistisse da idéia. Nogueira preferiu receber o auxílio-moradia. Alugou uma casa no Lago Sul, onde mora com dois assessores, e paga R$ 3,5 mil por mês. “É uma casa de classe média, não tem nada de luxo, tem duas suítes e dois quartos”, diz.

A casa, segundo o parlamentar, serve também para receber “prefeitos, vereadores e pessoas de entidades filantrópicas”. Além disso, a cada 60 dias, abriga reuniões da bancada do PDT, o que acaba resultando em confraternização. “Outro dia um deputado do Espírito Santo levou o peixe e ele que cozinhou”. Pela polêmica envolvendo o chapéu de couro que usa na Câmara, o deputado Edigar Mão Branca (PV-BA) diz que seu apartamento, cedido pela Casa, “daria para transformar em quatro”.

“Brasília foi projetada dentro de uma visão de que só poderiam ser políticos os menestréis do país. Mas a realidade mudou, e hoje colocam um vaqueiro lá. Pra mim, bastaria um lugar pra botar uma rapadura e um queijo”, diz, simplório.

Mão Branca diz que preferiu não mexer em nada. “Tinham umas reformas solicitadas, de troca de piso, mas preferi que ficasse do jeito que estava”, conta. Ele afirma que fica pouco no apartamento e por isso não adaptou a decoração com “toques nordestinos”.

Fonte: O Globo on line

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