sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Berlusconi aparece como vencedor na atual crise política da Itália


Antes mesmo de sua vitória anunciada, em caso de eleições antecipadas, Silvio Berlusconi aparece como o grande vencedor na crise política italiana que o permitiu refazer a unidade de seu campo e reencontrar uma liderança incontestada. "Se Berlusconi não quiser um acordo para reformar a lei eleitoral, isto não acontecerá", sentencia o analista do jornal econômico Il Sole 24 Ore, Franco Debenedetti, admitindo o enorme poder político de que goza o homem mais rico da Itália e possível futuro presidente do conselho italiano. Berlusconi acaricia a idéia de regressar pela terceira vez ao poder, já que as negociações realizadas pelo presidente do Senado, Franco Marini, para evitar o recurso a eleições imediatas, resultam cada dia mais difíceis.

Segundo pesquisa publicada nesta sexta-feira pela revista L'Espresso, a coalizão de direita superaria a da esquerda por 16 pontos com 58% dos votos contra 42% no caso de eleições imediatas. Apesar das críticas e controvérsias que suscitou seu segundo mandato (2001-2006) e das divisões internas dentro de sua própria coalizão, que quase se desintegrou recentemente, Berlusconi continua sendo apontado como o 'líder máximo' da direita italiana. Os três dirigentes da direita, Gianfranco Fini da Aliança Nacional, Pier Ferdinando Casini da UDC (católicos de centro) e Umberto Bossi da populista e xenófoba Liga Norte, haviam pedido ano passado ao "Cavaliere", como costuma ser chamado, que mudasse de estratégia política, questionando, assim, sua supremacia.

Sem medo de perder o apoio de seus aliados, Berlusconi criou no final de 2007 o novo Partido das Liberdades, o qual enterrou rapidamente durante a atual crise para ressuscitar a coalizão de centro-direita "A Casa das Liberdades", que em 1994 o conduziu ao poder. "Primeiro a guerra, depois o amor. É um casamento de conveniência", ironizava o cientista político Roberto D'Alimonte. Ante a possibilidade concreta de eleições antecipadas depois da queda no dia 24 de janeiro passado do governo de centro-esquerda de Romano Prodi, Berlusconi e Casini selaram a reconciliação com um comunicado conjunto seguido de um programa de governo.

"A volta do filho pródigo", definiu o jornal La Repubblica. O possível terceiro governo de Berlusconi, de 71 anos, já é motivo de debate em toda a Europa.Para a revista inglesa The Economist, o magnata das comunicações "não está apto" a governar um país como a Itália, cheio de problemas políticos, sociais e econômicos, que necessita estabilidade e reformas urgentes.Alguns observadores estimam que o eventual gabinete "Berlusconi III" durará pouco, porque o verdadeiro objetivo do líder conservador é a presidência da República."Regressar ao Palácio Chigi (sede do governo) representa um esforço para mim. Se aceitar é pelo bem do país. Sonho com o exemplo de Tony Blair (ex-primeiro-ministro britânico), de permanecer poucos anos, modernizar a Itália, e deixar o poder ao Gordon Brown italiano", confessou recentemente Berlusconi.

Aos 71 anos e um ano após implantar um estimulador cardíaco, Berlusconi tem incontestavelmente a seu favor a crise atual.Mas o Berlusconi de 2008 não é mais o mesmo."É um Berlusconi "sarkoziano". Lança pequenos sinais de abertura, balões de ensaio em direção à esquerda. Ele sabe que retornará ao poder num contexto de crise econômica e que será preciso não decepcionar", destaca o analista francês Marc Lazar.

Da France Presse/ O Globo on line

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