Uma reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal La Nación afirma que os países do Mercosul perceberam como "traição" o apoio brasileiro à proposta de liberalização comercial apresentada pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, em negociações em Genebra. De acordo com o jornal argentino, a posição do Brasil colaborou para manter acesas tensões com a Argentina nas negociações que buscam finalizar a Rodada Doha de livre comércio, que entraram nesta segunda-feira em sua segunda semana. No domingo, segundo o jornal, "a Argentina manteve suas queixas em relação à inflexibilidade (da proposta), enquanto o Brasil começou uma atividade frenética para apaziguar a crise desatada entre os dois países, depois de sua decisão de 'aceitar como um todo' o projeto de acordo".
Segundo o La Nación, o secretário argentino de Relações Econômicas Internacionais, Alfredo Chiaradía, um dos principais negociadores do país, disse que a decisão do Brasil "cria tensão" no Mercosul. "Outras fontes diplomáticas argentinas confirmaram que a atitude do Brasil era percebida como uma 'traição' do gigante sul-americano contra seus sócios do Mercosul”, diz o jornal. Argentina e Brasil discordam sobre a flexibilidade que permite aos países em desenvolvimento proteger percentagens limitadas de seus setores considerados mais sensíveis contra o impacto de uma redução das tarifas de importação. As propostas teriam partido de 12% e chegado a 14% - taxa aceita pelo Brasil. A Argentina, no entanto, considera o número insuficiente e defende uma taxa de 16% . O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, teria dito ao La Nacion que fará "todo o necessário para ajudar" o Mercosul nas negociações. Esta linha também é defendida por "fontes latino-americanas" citadas pelo jornal. Segundo elas, Amorim fará todo o possível para que a Argentina tenha seus desejos atendidos no acordo final da rodada.
BBC
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