quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Itália expulsa egípcios em ano recorde em imigração ilegal

Trinta e oito egípcios sem documentos que chegaram recentemente à ilha italiana de Lampedusa foram repatriados nesta terça-feira em um vôo coordenado pelas autoridades locais, conforme anúncio do ministro do Interior, Roberto Maroni. "Quem desembarcar em Lampedusa será repatriado em poucos dias, diretamente de Lampedusa", disse Maroni, em declarações à imprensa italiana. O ministro, membro Liga Norte (separatista, integrante da coalizão governista do premier Silvio Berlusconi), acrescentou que a situação na ilha é de "emergência", e "emergência se responde com emergência". Segundo a Polícia de Agrigento, província que pertence a Lampedusa, o vôo que levará os 38 egípcios sem documentação ao Cairo foi acordado entre os governos da Itália e do Egito. Na manhã de hoje, outras 90 pessoas deixaram a ilha, entre elas 43 menores. No ano de 2008, as chegadas ilegais à ilha aumentaram 75%, o que foi usado pelo ministro como justificativa para a expulsão dos egípcios. O Ministério do Interior divulgou nesta terça-feira uma série de outros dados sobre imigração ilegal no ano de 2008. No total, 36.900 imigrantes ilegais foram interceptados pelas autoridades italianas neste ano, ao passo que em 2007, o número registrado de imigrações ilegais fora de 20.500. Assim como no ano passado, a maior parte dos imigrantes ilegais interceptados entrou na Itália por meio de Lampedusa, após cruzar o sul do mar Mediterrâneo a partir da costa da Líbia. Há alguns anos essa é a rota mais freqüente da imigração ilegal. De todos os clandestinos registrados em 2008, pouco menos de 30 mil passaram por Lampedusa, onde o centro de acolhida, que tem capacidade para pouco mais de mil pessoas, esteve a ponto de entrar em colapso com a chegada massiva de estrangeiros nas últimas semanas. Atualmente, com as expulsões dos egípcios de hoje e de outras 200 pessoas enviadas a outros centros da Itália, ficaram cerca de 100 imigrantes ilegais em Lampedusa. Além da dificuldade de repatriação, o governo italiano enfrenta também problemas com a Líbia, país de onde partem a maioria dos imigrantes ilegais. Foi realizada nesta terça-feira, na capital líbia Trípoli, uma reunião técnica organizada pela presidência francesa de turno da UE. Dela participaram o governo líbio, representado pelo ministro para Assuntos Europeus, Ramadan Bark, responsáveis do escritório da União Européia na Tunísia e delegados italianos, Durante o encontro, as autoridades líbias se manifestaram preocupadas com o problema da imigração clandestina, porém ressaltaram que não têm nem meios nem logística necessários para enfrentar o problema. Segundo fontes européias, Trípoli teria pedido à UE cerca de 300 milhões de euros para poder controlar com eficácia a situação em suas fronteiras, sobretudo as do deserto, por meio das quais chegam a seu território os clandestinos que tentam alcançar a Europa por meio de Lampedusa. As mesmas fontes indicaram que o ministro Bark teria se queixado de que ainda não foram enviados os fundos europeus, cuja atribuição havia sido acordada em um memorando entre a UE e a Líbia, assinado em julho de 2007, pela comissária Benita Ferrero Waldner.

Ansa

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