Frattini
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, está "avaliando a conveniência de chamar a Roma para consultas o embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise", segundo uma nota divulgada nesta quarta-feira pela chancelaria do país. A proposta foi encaminhada ao chanceler pelo ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, no âmbito da tensão entre Roma e Brasília desencadeada pela decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de conceder refúgio político ao ex-ativista Cesare Battisti, "É compreensível, ainda que extremo, o pedido de Daniela Santanche [líder do Movimento pela Itália] pela retirada de nosso embaixador no Brasil. Por outro lado, acredito que seja totalmente factível a possibilidade de chamar nosso embaixador para consulta e levarei ainda hoje essa hipótese à livre avaliação do ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini", havia anunciado La Russa. "Eu fui um dos primeiros a alertar o governo brasileiro sobre o risco de que a grande amizade entre os povos da Itália e do Brasil seja profundamente minada pela imprudente decisão de um ministro brasileiro, não contestada pelo presidente Lula, de considerar o terrorista assassino Battisti como um perseguido político", declarou o ministro da Defesa. "Os fatos estão me dando razão. Os protestos continuam a se multiplicar e atualmente setores de fora da política cogitam a hipótese de uma campanha de boicote do turismo italiano no Brasil. Com exceção dos amigos políticos de Battisti, todos os setores parlamentares se manifestaram contrários à decisão brasileira, bem como as máximas autoridades do Estado", acrescentou La Russa. A proposta foi apoiada de imediato por Alessandra Mussolini, líder do partido de direita Ação Social, membro da coalizão governista Povo da Liberdade. "Defendo a proposta do ministro La Russa de chamar para consulta nosso embaixador no Brasil, e convido o chanceler Frattini a considerá-la como um instrumento útil para afirmar o sacrossanto direito da Itália de ter justiça", afirmou Alessandra, neta do ditador Benito Mussolini por parte de pai. Na última semana, o ministro da Justiça do Brasil, Tarso Genro, concedeu status de refugiado político ao escritor e ex-ativista Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro assassinatos que teriam sido cometidos na década de 1970, quando liderava o grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). O ministro brasileiro argumenta que sua decisão foi baseada na "existência fundada de um temor de perseguição" contra Battisti, que alega inocência. Com a medida, Battisti ganha o direito de morar e trabalhar no Brasil, e não pode ser extraditado, como pede a Justiça italiana.
Ansa
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