A popularidade de chefes mafiosos sicilianos no site de relacionamentos Facebook está revoltando investigadores e familiares de vítimas do crime organizado na Itália. O site mantém perfis de chefes mafiosos como Salvatore (Totó) Riina e Bernardo Provenzano, com milhares de relatos de pessoas que os consideram "mitos" e defendem até suas "beatificações".Alguns acreditam que os perfis sejam uma estratégia de comunicação da máfia siciliana para promover o nome dos mafiosos entre os jovens. "Infelizmente, o mal ainda exerce fascínio em nossos jovens", disse em entrevista ao jornal La Repubblica Maria Falcone, irmã do juiz Giovanni Falcone, assassinado brutalmente pela máfia em 1992. "Algumas mensagens na Internet e alguns filmes não ajudam."Mais de 100 mil pessoas participaram de um abaixo-assinado, pedindo ao Facebook para apagar os perfis dos apoiadores dos chefes de Corleone, na Sicília. Outros 50 mil já assinalaram que "a máfia dá nojo". O Facebook ainda não se manifestou sobre a polêmica.
Beatificação
Bernardo Provenzano tem uma comunidade de fãs com mais de 200 inscritos, número semelhante dos que defendem a sua santificação. Outros três perfis aparecem em seu nome, um deles fundado por alguém que diz chamar-se Paolo Provenzano.As mensagens são de apoio, otimistas e positivas, como desejos de Feliz Natal e Ano Novo, que enaltecem os feitos do mafioso e que o consideram um grande homem, ou "o melhor dos padrinhos".O chefe fugitivo Matteo Messina Denaro também tem seu perfil no Facebook.Mas quem mais aparece é Salvatore Riina, de 78 anos, com uma dezena de perfis e mais de 2 mil fãs inscritos. Entre eles, há o grupo "Totó Riina Livre", que pede a liberação daquele que é considerado um dos mais cruéis líderes da Cosa Nostra. Carlo Vizzini, membro da comissão antimáfia do Parlamento italiano, defende que sejam investigados todos aqueles que tenham assinado seus nomes em tais perfis no Facebook.Indignado pela proliferação de páginas que enaltecem os mafiosos está também Salvatore Borsellino, irmão do juiz Paolo Borsellino, mais um vítima de Riina e Provenzano."Acredito que esteja em andamento uma campanha de desinformação para deslegitimar os magistrados e também todos aqueles que buscam a verdade sobre Riina e Provenzano", assinalou. "Há mensagens que tentam colocar em discussão sentenças já passadas. Não podemos esquecer que um dos projetos dos 'padrinhos' há anos é ter a revisão dos processos. Acredito que agências bem precisas de desinformação estão operando no Facebook por trás das fotos e da identidade de jovens."Borselino justifica sua desconfiança, afirmando ser estranho que um grupo de jovens possa obter informações detalhadas sobre os processos judiciais de Riina e de seus cúmplices já presos. O procurador nacional antimáfia Pietro Grasso também se manifestou contra o que pode ser uma nova estratégia de comunicação da Cosa Nostra."Se há alguns anos os chefes falavam em contratar jornalistas importantes para apoiá-los em uma campanha de propaganda, porque devemos excluir que os mafiosos não utilizem hoje todas as possibilidades da mídia?", questionou Grasso."Os mafiosos se movimentam num mundo global em grande velocidade. São sempre os mais espertos em adaptar-se às novidades."O procurador Grasso é contrário a qualquer tipo de censura ao Facebook. Ele defende, no entanto, que a população se mobilize contra aqueles que enaltecem os mafiosos.
BBC
Beatificação
Bernardo Provenzano tem uma comunidade de fãs com mais de 200 inscritos, número semelhante dos que defendem a sua santificação. Outros três perfis aparecem em seu nome, um deles fundado por alguém que diz chamar-se Paolo Provenzano.As mensagens são de apoio, otimistas e positivas, como desejos de Feliz Natal e Ano Novo, que enaltecem os feitos do mafioso e que o consideram um grande homem, ou "o melhor dos padrinhos".O chefe fugitivo Matteo Messina Denaro também tem seu perfil no Facebook.Mas quem mais aparece é Salvatore Riina, de 78 anos, com uma dezena de perfis e mais de 2 mil fãs inscritos. Entre eles, há o grupo "Totó Riina Livre", que pede a liberação daquele que é considerado um dos mais cruéis líderes da Cosa Nostra. Carlo Vizzini, membro da comissão antimáfia do Parlamento italiano, defende que sejam investigados todos aqueles que tenham assinado seus nomes em tais perfis no Facebook.Indignado pela proliferação de páginas que enaltecem os mafiosos está também Salvatore Borsellino, irmão do juiz Paolo Borsellino, mais um vítima de Riina e Provenzano."Acredito que esteja em andamento uma campanha de desinformação para deslegitimar os magistrados e também todos aqueles que buscam a verdade sobre Riina e Provenzano", assinalou. "Há mensagens que tentam colocar em discussão sentenças já passadas. Não podemos esquecer que um dos projetos dos 'padrinhos' há anos é ter a revisão dos processos. Acredito que agências bem precisas de desinformação estão operando no Facebook por trás das fotos e da identidade de jovens."Borselino justifica sua desconfiança, afirmando ser estranho que um grupo de jovens possa obter informações detalhadas sobre os processos judiciais de Riina e de seus cúmplices já presos. O procurador nacional antimáfia Pietro Grasso também se manifestou contra o que pode ser uma nova estratégia de comunicação da Cosa Nostra."Se há alguns anos os chefes falavam em contratar jornalistas importantes para apoiá-los em uma campanha de propaganda, porque devemos excluir que os mafiosos não utilizem hoje todas as possibilidades da mídia?", questionou Grasso."Os mafiosos se movimentam num mundo global em grande velocidade. São sempre os mais espertos em adaptar-se às novidades."O procurador Grasso é contrário a qualquer tipo de censura ao Facebook. Ele defende, no entanto, que a população se mobilize contra aqueles que enaltecem os mafiosos.
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