O rabinato supremo de Israel rompeu ontem as relações com o Vaticano, em protesto pela decisão papal de retirar a excomunhão de um bispo que negou publicamente que seis milhões de judeus tenham sido assassinados pelos nazistas no Holocausto. A mais alta autoridade religiosa do Estado de Israel enviou uma carta à Santa Sé na qual expressou "dor e pesar" ante a decisão do papa Bento XVI. "Será muito difícil que o rabinato mor de Israel continue seu diálogo com o Vaticano como antes", afirma na carta. Os rabinos chefes das comunidades judaicas ashkenazi e sefardita também assinaram a carta. Além disso, o rabinato também cancelou uma reunião marcada para março com clérigos católicos. O rabinato e o Estado de Israel mantêm laços separados com o Vaticano e a decisão de hoje não afeta as relações políticas do governo israelense com o Vaticano.
Horas antes, o papa Bento XVI disse que sentia uma "total e indiscutível solidariedade" com os judeus. O porta-voz do Vaticano, o reverendo Federico Lombardi, disse que a Santa Sé espera que, à luz das opiniões de Bento XVI, "as dificuldades expressadas pelo rabinato possam ser submetidas a uma reflexão mais avançada e profunda". O diretor geral do escritório do rabino chefe, Oded Weiner, recebeu com agrado os comentários de Bento XVI e disse que as palavras são "um grande passo para a reconciliação". A decisão de Bento XVI de revogar a excomunhão do bispo Richard Williamson, que negou que seis milhões de judeus tenham sido mortos durante a II Guerra Mundial (1939-1945), causou grande indignação na comunidade judaica. Williamson foi excomungado há vinte anos porque foi consagrado bispo indevidamente pelo então arcebispo ultraconservador Marcel Lefebvre. Bento XVI retirou recentemente a excomunhão a Williamson e a outros três bispos que seguiam a doutrina de Lefebvre.
Com informações da Agência Estado
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