Instalação feita com fios de ouro é da artista brasileira Lygia Pape (1927-2004)
Músicos Arto Lindsay e Kassin apresentaram desfile de rua que marcou o início da participação brasileira no evento Na sexta-feira também foi aberto o pavilhão brasileiro, com os artistas Delson Uchôa e Luiz Braga e curadoria de Ivo Mesquita
Com bailarinos no abre-alas, ao som de batuques, guitarras e programações digitais, o cortejo lembrava mais um bloco de Carnaval moderno brasileiro do que a festa dos mascarados venezianos, embora percorresse animadamente um pedaço da margem do canal de San Marco e dobrasse a rua Giuseppe Garibaldi, nas proximidades das duas principais áreas onde acontece a 53ª Bienal de Veneza -os Giardini e o Arsenale.
Quem liderava a coisa, na noite da última sexta, era o compositor, produtor e performer Arto Lindsay, na companhia do músico Kassin.
Nascido nos EUA, radicado no Brasil e casado com uma baiana, Arto formou-se nos círculos da cultura de vanguarda de Nova York e assinou a produção de discos de artistas brasileiros famosos, como Marisa Monte e Caetano Veloso. Ele foi convidado por Daniel Birnbaum, curador da Bienal, a apresentar um projeto. Decidiu-se por um desfile inspirado no Carnaval da Bahia.Em 2004, Arto e o artista contemporâneo norte-americano Mathew Barney criaram uma espécie de bloco em Salvador. Depois disso, em 2008, também a convite de Birnbaum, ele apresentou um cortejo performático em Frankfurt (Alemanha), intitulado "I Am a Man". Em Veneza, a performance ganhou o nome de "Multinatural (Blackout)".
"Esse formato oferece várias possibilidades e cria relações interessantes. É musical, teatral e literário, parece uma ópera", disse Arto à Folha no sábado, sentado numa mesa do bar Paradiso, na entrada dos Giardini, onde se localizam os pavilhões nacionais que fazem parte da Bienal.
A coreografia foi criada por Richard Siegel, que trabalhou com bailarinos e estudantes de Veneza. Na parte musical, os principais nomes, além de Arto e Kassin, eram o baiano Marivaldo Paim, do bloco do Ilê, e os norte-americanos Melvin Gibbs e Peter Zuspan.
Como acontece no Carnaval, o desfile em Veneza foi arregimentando curiosos e animados que acompanharam o grupo ensaiando passos de dança e, principalmente, filmando e fotografando.
No mesmo dia, pela manhã, foi aberto o Pavilhão Brasileiro nos Giardini, com os artistas Delson Uchôa e Luiz Braga -e curadoria de Ivo Mesquita, responsável pela edição passada da Bienal de São Paulo.A arte brasileira em Veneza tem ainda a participação de Renata Lucas, Sara Ramo e Cildo Meireles, no Arsenale, onde também foi montada a obra "Ttéia I", de Lygia Pape (1927-2004), premiada com uma Menção Especial pela Bienal.
Marcos Augusto Gonçalves
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