quinta-feira, 11 de junho de 2009

Hoje na história - A Batalha de Campaldino


Batalha de Campaldino

11 de Junho de 1289


A conquista do reino das duas Sicílias, por Carlos d’Anjou, irmão de Luís IX rei de França, em 1266 não pôs fim às rivalidades entre o partido Guelfo e o partido Guibelino. Só o ano de 1334 veio por um termo a este conflito com a vitória final do partido Guelfo, mas somente para ser substituído por um novo conflito dentro do partido Guelfo entre os Brancos e os Pretos.

A batalha de Campaldino é só mais um dos episódios desta luta, desta vez protagonizada por Florença e os seus aliados pela parte dos Guelfos, e Arezzo e seus aliados pelos Guibelinos. Relatos deste acontecimentos chegaram até nós pela crónica de Dino Compagni, um mercador de sedas, proeminente estadista de Florença até 1301 e interveniente no decorrer dos acontecimentos. E também pela crónica de Giovanni Villani, banqueiro florentino que, nascido em 1277, iniciou a escrita da sua crónica no ano de 1300.

Welfe versus Weiblingen
A luta entre a casa de Welf (Guelfa) do Duque da Saxónia e Baviera, e os Weiblingen (Guibelinos), que herdaram o nome do castelo de Weiblingen da casa dos Hohenstaufen, situado nas imediações de Stuttgart. Teve origem no século XII com a eleição de Lotário II (1070-1137) para o trono do Sacro Império Germânico com a bênção do Papa, contestada pelos Hohenstaufen. O conflito deu origem a uma guerra civil, que só terminou com a eleição em 1152 de Frederico I, o Barbarossa, filho de pai Hohenstaufen e mãe Guelfa.

Em Itália a rivalidade entre Guelfos e Guibelinos continua mas por motivos diferentes. Os Guelfos constituídos na sua maioria por uma ascendente classe média burguesa, estavam associados ao Papado contra o inimigo comum, o Sacro Imperador Romano Germano. Os Guibelinos, originários da aristocracia, aliam-se ao imperador para defenderem o seu domínio social da burguesia e do Papado. Esta rivalidade vai durar até 1334, data do edito Papal que proíbe o uso dos nomes Guelfo e Guibelino. Mas mais tarde, aquando das guerras de Itália no século XVI os apoiantes de Francisco I, rei de França são chamados Guelfos, e os apoiantes do imperador Carlos V são referidos como Guibelinos.

Prelúdio da campanha
Em 1265, com a bênção do Papa Alexandre IV, Carlos d’Anjou invade a Itália e é coroado em Roma pelo Papa como rei da Sicília e Senador Romano. No ano seguinte, a 26 de Fevereiro de 1266, derrota Manfredo, rei da Sicília, na batalha de Benavento conquistando todo o reino. A 23 de Agosto de 1268, uma tentativa de reconquistar a Sicília pela casa dos Hohenstaufen é derrotada por Carlos na batalha de Tagliacozzo, onde Corradino, último dos Hohenstaufen, é capturado por Carlos, que ordena a sua decapitação na Praça do Mercado em Nápoles a 29 de Outubro de 1268. O desaparecimento dos Hohenstaufen e o desinteresse do imperadores seguintes relativamente aos acontecimentos em Itália vai deixar mão livre aos Guelfos para empreenderem uma campanha final contra os Guibelinos.

Inicio da Campanha
Segundo nos diz Dino Compagni: "Os poderosos Guelfos Florentinos tinham grande ânsia de atacar Arezzo, mas a muitos outros, os "popolani", isto não lhes parecia correcto pois não consideravam a acção como justa.."., "Mas mesmo assim eles contrataram um condottiere chamado Valdivino de Soppino, com quatrocentos homens montados, mas o Papa deteve-o, por isso eles não vieram". Apesar de contrariados, os Guelfos Florentinos não desistem de fazer a guerra a Arezzo e aproveitam a oportunidade da visita de Carlos d’Anjou, Rei da Sicília, para pressionarem para a guerra.

Escreve Dino Compagni: "Os florentinos chamaram os de Pistoia, os de Luca, os de Bolonha, os de Siena, os de Sanminiato, e Miniardo de Susinana, famoso condottiere, que tomou por esposa uma dos Tosinghi. Por essa altura, veio o rei Carlos da Sicília a Florença no seu caminho para Roma, e foi honrado com presentes da liga (Guelfa), corridas e outras festas. Os Guelfos pediram-lhe que lhes desse um condottiere, juntamente com um estandarte real; e ele deixou-lhes um dos seus barões e nobres, Amaury de Narbonne, que era jovem e bem parecido, mas inexperiente nas artes da guerra. O seu tutor (Guillaume de Durfort), um velho cavaleiro, ficou com ele, para além de muitos outros cavaleiros experimentados nas artes da guerra, muito bem pagos e fartamente providos". É pouco provável que Siena tivesse enviados qualquer apoio a Florença, pois Siena e Florença sempre foram rivais, e Siena era uma república abertamente Guibelina.

Estando ao corrente das movimentações em Florença, os Aretinos (os de Arezzo), começaram eles próprio a se preparar para a guerra. "Os Aretinos chamaram muitos e poderosos nobres Guibelinos da Romagna, de Ancona e de Orvieto demonstrando eles grande vontade de batalhar, e preparam-se para defender a sua cidade e ocupar a posição mais vantajosa, na linha de marcha do inimigo". (Dino Campagni)

Entretanto o Bispo de Arezzo, Guglielmino degli Ubertini, tenta negociar com os Florentinos. Dino Campagni, relata-nos o sucedido: "O Bispo de Arezzo considerando, como homem sensato, as consequências que a guerra lhe podia trazer, pensou em negociar com os Florentinos de modo a deixar Arezzo com toda a sua família, dando os castelos episcopais como penhor; e em compensação pelos rendimentos e serviços feudais dos vassalos ele demandou que três mil florins por ano fossem pagos a Vieri de Cerchi, um abastado cidadão. Mas os Priores (grupo de cidadãos a quem estava confiado o governo de Florença) que estavam no governo a essa altura, de 15 de Abril a 15 de Junho de 1289, tinham muitas diferenças entre eles. Eles eram Ruggiero de Cuona, doutor em leis, Manfredi Adimari, Pagno Bordoni, Dino Compagni, autor desta Crónica, e Dino de Giovanni, chamado Pecora (ovelha). A causa do desacordo foi o de alguns quererem os castelos do Bispo e em particular Bibbiena, que era um forte e grande castelo, enquanto outros não queriam e eram contra a guerra, considerando todas as nefastas consequências que a guerra envolve. No entanto, após algum tempo, consentiram em tomar conta dos castelos, mas não para os desmantelar. E todos acordaram em nomear Dino Compagni, porque ele era um homem bom e sensato, para que ele tratasse do assunto do modo que lhe aprouvesse. Ele enviou Durazzo, que tinha sido recentemente armado cavaleiro pelo bispo, e encarregou-o de chegar ao melhor acordo que pudesse com o Bispo. No entretanto, o Bispo de Arezzo, chegou à conclusão que se desse o seu consentimento ao acordo seria considerado um traidor, e por isso juntou os chefes do seu partido e incitou-os a chegar a termos com os Florentinos, afirmando que pela sua parte, não desejava perder Bibbiena, mas em vez disso devia ser reforçada e defendida. Se eles o recusassem, ele próprio chegaria a termos com eles (os Florentinos). Os Aretinos, enfurecidos com as suas palavras por todos os seus planos serem frustrados decidiram matá-lo. Mas Guilielmo de Pazzi, um familiar do bispo que estava presente na reunião, disse que ficaria satisfeito se o tivessem feito sem o seu conhecimento, mas como lhe foi pedido para o fazer ele não o permitiria, pois ele seria um assassino do seu próprio sangue. Então decidiram ficar com Bibbiena e, como homens desesperados, prepararam-se para o fazer sem mais deliberações.

Giovanni Villani também alude a este facto mas descreveu mais superficialmente: "Na verdade havia outra causa para o Aretinos fazerem a guerra aos Florentinos, pois mesmo tendo os florentinos dois homens montados contra cada homem montado Aretino, eles temiam que o plano que o bispo de Arezzo tinha conjurado com os Florentinos, e conduzido por Marsilio de Vecchietti, de ceder aos Florentinos Bibbiena Civitella e todas as suas aldeias, em troca de cinco mil florins por ano para o resto da sua vida na segura companhia de Cerchi. O andamento do plano foi interrompido por Guilielmino Pazzo, seu sobrinho, evitando que o bispo fosse morto pelo chefes Guibelinos. Por isso prepararam-se para a batalha, e levaram atrás o dito bispo, onde morreu juntamente com os outros".

Os exércitos em confronto
Os exércitos das repúblicas italianas do final do século XIII eram constituídos por cavalaria e infantaria. A cavalaria era formada pelos burgueses abastados e por vassalos feudais que deviam serviço militar à republica. Eram muitas vezes suplementados por cavaleiros mercenários como é o caso desta campanha em que um largo contingente de mercenários franceses é cedido a Florença por Carlos da Sicília. As origens deste mercenários são diversas, desde mercenários italianos a franceses e alemães. Os cavaleiros mais bem equipados tinha, uma armadura de cota de malha que os cobria da cabeça aos pés, suplementada por vezes por uma armadura de placas para proteger o torso, e caneleiras de ferro para protecção das pernas. Estavam também protegidos por um elmo fechado e por um escudo. Como armas ofensivas utilizavam a lança, e a espada e/ou a maça de armas, esta preferidas pelos clérigos. Montavam cavalos, que por vezes, eram também couraçados com cota de malha ou só com uma cobertura de pano. Havia também cavaleiros menos bem equipados, e que não teriam um equipamento defensivo tão completo.

A infantaria era deixada para os burgueses menos abastados, pois o custo do equipamento era menor. Embora também fosse comum a utilização de armadura de cota de malha, esta era menos comum e certamente menos completa do que na cavalaria; o capacete não seria muitas vezes mais que uma simples cervilheira. A infantaria dividia-se entre lanceiros e besteiros e arqueiros. Os lanceiros teriam uma lança de cerca de dois metros de comprimento e um escudo que seria um pouco maior que o da cavalaria. Os besteiros armavam-se de besta e de um pavez, que lhes dava protecção das flechas e virotões inimigos. Os archeiros eram menos considerados e eram armados com um arco simples. Também havia infantaria mercenária mas esta restringia-se apenas a besteiros, pois estes eram tidos em muito boa conta.

Acompanhavam o exército, e mais numerosos que os próprio combatentes, um numero imenso de camponeses, armado muitas vezes apenas com alfaias agrícolas e sem qualquer protecção, que serviam apenas para apoiar o exército nos trabalhos manuais: servindo nos acampamentos, cavando fossos, recolhendo alimentos, auxiliando nos cercos. Mas na realidade, com pouca ou nenhuma influência no decorrer das batalhas.

A ordem de batalha Florentina
Giovanni Villani descreve-nos a ordem de batalha da hoste florentina: "... e aí estavam 1 600 homens montados e 10 000 infantes, de onde 600 eram burgueses com os seus cavalos, os mais bem armados e montados que alguma vez saíram de Florença; e os 400 mercenários comandados por Amaury de Norbonne, a soldo dos Florentinos; e de Luca vieram 500 homens montados; e de Parto 40 homens montados e a pé; e de Pistoia, 60 homens montados e a pé; e de Siena 120 homens montados; e de Volterra 40 homens montados; e de Bolonha, os seus Embaixadores com a sua escolta; e de Samminiato, e de Sangimignano; e de Colle, homens montados e a pé de cada lugar; e Maghinardo de Susinana, um bom e sensato condottiere, com os seu Romagnoli". A presença de Sieneses conforme já referido é muito duvidosa.

Já Dino Compagni, que viveu os acontecimentos dá uma descrição um pouco diferente: "...os Florentinos deram as boas vindas aos seus aliados, que eram os de Bolonha com 200 homens montados, os Luca com 200, os de Pistoia com 200, comandados por Corso Donato, um cavaleiro florentino; Mainardo de Susinana com 20 homens montados e 300 a pé, Malpiglio Ciccioni com 25, Barone Mangiadori de Sanmainiato, o Squarcialupi, o Colligiani e outros de castelos de Valdelsa, tais que o numero era de 1300 homens a cavalo e um grande número de infantes".

Os Aretinos
Só Giovanni Villani nos dá uma ordem de batalha para os Aretinos: "... eles eram 800 homens montados e 8 000 a pé, homens muito bons, e entre eles muitos condottieri sensatos, pois eles eram a flor dos Guibelinos da Toscânia, de Ancona, do Ducado e da Romagna; eram todos homens experientes nas artes da guerra; e era o seu desejo batalhar sem medo os Florentinos, ainda que os Florentinos fossem dois homens montados contra um deles. Mas eles desprezavam-os, dizendo que eles se adornavam como mulheres; e que eles os desprezavam e não consideravam".

O caminho para a batalha
Giovanni Villani, diz nos: "...os estandartes de guerra foram entregues no dia 13 de Maio (1289), e o estandarte real era transportado por Gherardo Ventraia de Torquinci, e logo que lhes foram dados eles os colocaram na abadia de Ripoli, como era seu costume, e lá os deixaram guardados para depois marcharem sobre a cidade de Arezzo. E os aliados começaram a chegar, e à hoste foi ordenada por acordo secreto a partida via Casentino. E subitamente, a 2 de Junho, os sinos tocaram e a mais do que nunca próspera hoste florentina partiu, acompanhada dos estandartes que estavam em Ripoli, do outro lado do Arno, e dirigindo-se para Pontassieve, acamparam esperando a força principal no Monte al Pruno..".

A descrição de Dino Compagni é similar: "Quando a decisão foi conhecida entre os Florentinos, os condottieri e os que tinham a seu cargos os destinos da guerra juntaram-se na igreja de S.Giovanni para decidirem qual o melhor caminho a tomar, de modo ao exército ser abastecido com tudo de necessário. Alguns recomendaram o caminho de Valdarno, mas neste caminho os Aretinos podiam saquear a região e queimar as grandes casas do Contado (terras agrícolas pertencentes à república). Outros recomendaram o caminho através de Casentino, dizendo que era um caminho melhor e referiram as razões para o preferir. Um sensato velho homem de nome Orlando de Chiusi, e Sasso de Murlo, que eram grandes senhores, preocupados com os seus fracos castelos, deram como seu conselho que este era o caminho a tomar receando que, se outro fosse tomado, estes (os seus castelos) fossem destruídos pelos Aretinos pois eles ficavam no seu território. E Rinaldo de Bostoli, um dos exilados Aretinos concordou com eles. Houve muitos oradores e o voto foi secreto. O caminho por Casentino ganhou por maioria, e apesar de ser um caminho mais duvidoso e perigoso, revelou ser o melhor".

Após uma descrição dos aliados florentinos, Dino Compagni, continua: "No dia marcado o exército Florentino partiu para invadir o território inimigo, e passou através de Casentino ao longo de más estradas onde, se tivessem encontrado o inimigo, teria sofrido grande dano. Mas Deus não o permitiu. E chegando perto de Bibbiena, a um lugar chamado Campaldino onde se encontrava o inimigo, pararam e dispuseram-se em ordem de batalha".

A batalha
Foi a 11 de Junho de 1289, sábado, dia de S. Barnabé Apóstolo, que os exércitos se enfrentaram na planície de Campaldino. Pouco nos é dado a conhecer do campo de batalha, mas deverá ter sido um espaço aberto e plano, pois não há referências a outro tipo de terreno. Apenas Giovanni Villani refere: "...na planície junto de Poppi, na região chamada Certomondo, junto à igreja dos Franciscanos, que fica perto, numa planície chamada Campaldino".

Ambos os exércitos dispuseram de igual modo, em duas linhas e uma reserva. A primeira linha constituída por um grupo seleccionado de cavaleiros, os Feditori. E uma segunda linha formado pelo resto do exército. A bagagem encontrava-se atrás da segunda linha.

Esta é descrição da disposição florentina, dada por Dino Compagni: "Os cabos de guerra colocaram os Feditoti à frente do corpo principal, e os armados de paveses com uma flor de lis vermelha em fundo branco ficaram dispostos para os apoiar. Então o bispo (de Arezzo), que era míope, perguntou, ‘Que muro é aquele?’, e teve por resposta, ‘São os pavezes inimigos'".

Já Giovanni Villani dá-nos uma descrição mais detalhada da disposição florentina: "Amaury de Narbonne e os outros condottieri Florentinos ordenaram bem as suas tropas, e seleccionaram cento e cinquenta Feditori do melhores da hoste, entre os quais estavam vinte cavaleiros recentemente armados, que então receberam as suas esporas. E Vieiri de Cerchi que estava entre os condottieri, e ainda que sendo coxo, não desistiu de estar entre os Feditori, e como lhe calhou a ele a escolha do seu sesto (unidade), ele não queria consigo os que não desejavam ser escolhidos, mas escolheu-se a si próprio, seu filho e sobrinhos, coisas que lhe trouxe muito mérito, e pelo seu bom exemplo e vergonha de outros muito cidadãos nobres se ofereceram como Feditori. E isto feito, foram ladeados de tropas ligeiras, besteiros e lanceiros a pé. Atrás dos Feditori vinha o corpo principal, ladeado por sua vez por infantes, e atrás de tudo a bagagem disposta de forma a fechar a retaguarda do corpo principal, fora do qual estavam dispostos duzentos homens montados e a pé de Lucca, Pistoia e outros forasteiros comandados pelo condottiere Corso Donati, que era então o Podestá de Pistoia, com ordens para tomar o flanco do inimigo se a ocasião se apresentasse". Com os Feditori Florentinos, no sesto de Vieiri de Cerchi, encontrava-se um jovem de vinte e quatro anos chamado Dante Alighieri, que mais tarde se revelaria o famoso poeta italiano.

Da disposição Aretina só temos o relato de Giovanni Villani: "...ele escolheram muitos Feditori, aos numero de trezentos, e entre os escolhidos estavam doze chefes, que eram chamados os Doze Paladinos.."., "...e o resto da hoste seguia atrás, excepto o conde Guido Novello, que estava com cento e cinquenta homens montados para carregar no flanco..".

A batalha começou com a carga dos Feditori Aretinos, que quebrou os Fediroti Florentinos e fez recuar a segunda linha Florentina. A segunda linha Aretina deve ter seguido atrás dos Feditori, num movimento comum em direcção ao centro inimigo mas apesar de recuar, a segunda linha Florentina não se desorganizou nem desmoralizou, conseguindo conter o ímpeto do ataque Aretino. Entretanto nos flancos, e por terem vantagem numérica, os Florentinos foram envolvendo os flancos Aretinos. É nesta altura que a reserva florentina carrega o flanco, mais possivelmente a retaguarda do exército Aretino provocando a debandada deste. Não se sabe a que ponto da batalha se dá a deserção da reserva Aretina, mas essa reserva não participa na batalha e retira-se para o castelo de Bibbiena. O exército florentino, salvo os mercenários, não persegue os fugitivos, tendo ficado demasiado abalado com o ímpeto inicial do ataque Aretino.

As perdas são importantes para Arezzo, 1 700 mortos, entre os quais; Guglielmino degli Ubertini, bispo de Arezzo, Guiglielmino de Pazzi de Valdarno e os seus sobrinhos, Buoncote, filho de conde Guido de Montefeltro, três Ubertini, um Abati, dois dos Griffoni de Fegghine e muitos refugiados florentinos; e ainda Guiderello d’Alessandro de Orvieto, que transportava o estandarte imperial. Para além de 2000 prisioneiros.

As perdas Florentinas teriam sido mais ligeiras, mas mesmo assim importantes pois não é dado seguimento à vitória na batalha, ficando os Florentinos apenas com alguns castelos conquistados nas imediações da incursão. Giovanni Villani, refere que: "Do lado do Florentinos, nenhum homem de renome foi morto, excepto Guiglielmo Berardi, escudeiro de Amaury de Narbonne, e Bindo del Baschiera de Tosinghi, e Ticci de Visdomini, mas muitos outros cidadãos e forasteiros foram feridos".

Após a batalha
Os Florentinos não avançaram em direcção a Arezzo após a batalha, contentando-se com a posse de alguns castelos que tinham tomado: Castiglione, Laterina, Civitella, Rondine entre outros. Só algum tempo mais tarde se dirigiram a Arezzo, tendo-a assediado, chegando mesmo a lançar um assalto à muralhas a 24 de Junho, dia de S. João, sem qualquer resultado. Decidiram então retirar, mas não antes de terem incendiado o que puderam nas imediações de Arezzo. Depois disso avançaram sobre Bibbiena, que conquistaram e à qual derrubaram as muralhas.

Conclusão
Apesar de derrotados os Aretinos não fizeram as paz com os Florentinos, embora alguns Guelfos Aretinos exilados em Florença tenham regressado a Arezzo. E para Florença, apesar da vitória na batalha, os resultados foram poucos como nos relata Dino Compagni: "...os Florentinos voltaram a casa, tendo ganho pouco para um empreendimento que envolveu grandes gastos e sacrifícios individuais".

Bibliografia
Crónica Florentina de Giovanni Villani, trad. Rose E. Selfe, Londres, 1906.
Crónica de Florença de Dino Compagni, University of Pennsylvania Press, Julho 1986.


Filipe Soeiro

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