domingo, 21 de junho de 2009

Massolini da Fibra - Brasil fala sobre o Mestre Rovílio


Of. 12B/09
Aos amigos
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Serafina Corrêa, 14 de junho de 2009.

Retorno de Porto Alegre onde participei do velório e enterro do Frei Rovílio Costa. Logo escrevo que fiz estes 230 quilômetros de distância entre aquela cidade e Serafina Corrêa, descontraído, alegre, parlando in TALIAN (veneto brasileiro) e dando entrevistas sobre o ocorrido à Rádio Comunidade de Veranópolis e Rádio Odisséia de Serafina Corrêa. Associando os fatos, estou muito feliz no que presenciei nestes atos de despedidas.

Frei Rovílio estava doente a muitos anos e na sua irreverência enfrentava desafios. Nos prazeres do trabalho e do bem servir buscava forças para a superação física.

Lamento profundamente tê-lo conhecido apenas em 1988, antes sabia apenas de suas obras literárias.

“ROVÍLIO ERA UM HOMEM E UM RELIGIOSO ALÉM DO SEU TEMPO”.
Como homem era um sábio. Era reconhecido com um intelectual por autoridades civis e políticas, membro da Academia Rio - Grandense de letras recebeu título de cidadão de Porto Alegre, como reconhecimento foi Patrono 51ª Feira do Livro de Porto Alegre a maior da América Latina. Reconhecido como Mérito TALIAN, Mérito Imigração Italiana e em 1991 recebeu o título de Cavaliere Della Repubblica Italiana, entre dezenas de outras homenagens. Rovílio “O FRADE DAS LETRAS E DOS LIVROS”, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Mestre em Educação e Livre Docente em Antropologia Cultura, era pesquisador historiador, escritor e editor multiétnico em especial da Alemã, Polonesa, Judaica, Negra e principalmente da Italiana. Como ninguém, junto com outros autores, em especial com Arlindo Batistel, garimpou e resgatou a História da Imigração Italiana no Sul do Brasil (20 livros). Com diversos autores, a grande maioria orientada por ele, editou aproximadamente 2.000 livros. Defensor incontestável dos dialetos da imigração italiana e em especial do TALIAN (Vêneto Brasileiro), constituído pela mescla destes dialetos. Com Luis De Boni, Darcy Loss Luzzatto, Julio Posenatto, Honório Tonial, Silvino Santin, Mário Gardelin entre outros seguidores, a qual me incluo e me orgulho por ter sido coordenador do grupo, unificamos a escrita desta língua. Com centenas de publicações hoje constituímos o TALIAN que é a última língua neolatina. Graças também aos trabalhos do Rovílio, o TALIAN está sendo inventariado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através da Universidade de Caxias do Sul, FIBRA e Instituto Veneto e logo será reconhecida como Língua de Patrimônio Cultural do Brasil.

Como religioso, um exímio, dedicado e competente ser humano. Suas ações extrapolavam a Ordem dos Freis Capuchinhos. Franciscano devoto, eventualmente quebrava normas e tabus que iam ao encontro das expectativas, necessidades e satisfazia os cristãos e não cristãos que o procuravam. Sempre fui convicto que Rovílio era um religioso “moderno” e que tão devoto a Virgem Maria seus atos faziam acreditar que Deus era mais compreensivo, conciliador e quisá tudo perdoava. “COMO RELIGIOSO ROVÍLIO SABIA O QUE ERA IMPORTANTE”. Talvez por isso atraia tantos jovens que queriam ouvi-lo na igreja de sua paróquia. Rovílio por muitos anos em suas peregrinações levou este Deus ao submundo dos cárceres e esperança aos porões dos presídios. Na sua benevolência, como poucos se propõem, visitava enfermos em suas casas. Rovílio era um religioso ímpar. Certa vez, dentro do meu carro enquanto fazíamos um curto trajeto aconselhou-me e me confessou. Mais tarde relatou que frequentemente confessava e pessoas desesperadas por telefone. Na sua irreverência e repito por saber o que era importante, Rovílio unia casais em benção das alianças. Enfim, na sua simplicidade e generosidade compartilhava ações com rabinos e pastores.

Rovílio parte prematuramente, com 74 anos e pobre como um Franciscano. Após auxiliar no descarregamento de vinho Frei Fabiano, que vendia para auxiliar na manutenção do Convento dos Capuchinhos da cidade Vila Flores, sentiu-se mal e se recolheu. Logo após, a 09:30 horas foi encontrado no chão do seu quarto antes que chegasse ao leito. Como dizem, morte súbita - morte boa e com diagnóstico de infarto de miocárdio. Sem alardes, não é que o espirituoso, escolheu um sábado, justo no dia 13 de junho o Dia de Santo Antônio de Pádova. Naquela manhã Rovílio receberia o amigo Antônio Alberti da FIBRA e depois iria visitar doentes. No bolso da calça foram encontrados água benta, etc.

Centenas de pessoas foram ao velório no Convento dos Capuchinhos de Porto Alegre e próximo dali, na Igreja de Santo Antônio – Partenon, a missa e as últimas homenagens. Participaram desta missa 2.000 pessoas, de ilustres personalidades a gente humilde e pobre. Estou feliz, porque vi e ouvi lindas manifestações e testemunhos. Pelo tempo restrito, poucos puderam falar de tantos que queriam se pronunciar. Vi choro estampado no rosto, não apenas dos familiares e amigos mais próximos como eu, mas do carteiro, dos freqüentadores do asilo dos pobres, de jovens e idosos que se faziam acompanhar para poderem chegar ao caixão e tocar nas mãos ou na face de Rovílio.

A missa foi acompanhada por dezenas de padres e capuchinhos e foi celebrada pelo Arcebispo metropolitano Dom Dadeus Grings, Arcebispo emérito de Juiz de Fora - Dom Clóvis Freiner e o Bispo emérito de Uruguaiana - Dom Domingos Salvador.

Todos estavam lá, jornalistas, repórteres, fotógrafos, rádio e televisão. Cada um, ao seu jeito, registrava a solene despedida.

Estou feliz porque o reconhecimento do povo presente se manifestou em aplausos, interrompendo por vezes até a própria missa. Após a fala do Provincial da Ordem dos Capuchinhos as palmas pareciam que não tinham mais fim, ecoavam certamente com tom de agradecimento.

Neste momento em que escrevo cai-me lágrimas pela dor da perda, mas também pela felicidade do que presenciei.

Ao terminar a missa, grande foi o fluxo daqueles que queriam tocar o Frei como ato de despedida. O choro e a emoção tomaram conta de todos. Lá beijei suas mãos e o rosto, por mim, por minha familia que estava viajando e por todos que não puderam estar presentes. Coloquei no seu peito uma flor chamada “STELA ALPINA” que recolhi no monte Pasúbio – Itália como forma de unir todo o seu trabalho.

Quando do fechamento do caixão outra grande homenagem; os presentes cantavam Mèrica, Mèrica, Mèrica, cosa sara questa Mèrica... Dala Itàlia noi siamo partiti... Ala Mèrica noi siamo arivati... . Havia com certeza o canto de dor e de orgulho.

O féretro retornou ao Convento dos Capuchinhos e naquele trajeto dezenas de pessoas se revezaram pegando a alça do caixão, enquanto se ouviam cantos religiosos.

Rovílio foi enterrado no cemitério dos Capuchinhos, sob orações, cantos religiosos e a música Santa Lucia. Seu sepulcro esta voltado para o sol nascente e muito próximo ao museu dos Capuchinhos onde há algumas semanas atrás encaminhou 1.800 livros. Estou quase convicto que este local será de peregrinação.

Finalizo com a pergunta que fiz a Júlio Posenatto: E agora, quem substituirá Frei Rovílio Costa?. Espero que todos tenham a mesma sapiência dele que respondeu: todos nós. Cada um tem que potencializar seu esforço. Todos nós somos responsáveis.

Meditem e continuem a rezar como forma de agradecimento. Já disse: “Rovílio está no céu”.

Un gran strucon.

Dr.Paulo Massolini
Presidente


Fibra-RS
Colaboração Mirna Lanius Borella Bravo

Um comentário:

Anônimo disse...

Si caro amigo Dr. Paulo Massolini e Mondo Talian.
Tuti noantri a ghemo la mission de mantegner e propagar el talian come faseva el fra Rovílio Costa.
Lu el gera un omo da na sapiensa grandíssima, el ga fato tuto par el Talian arivar al punto che ze desso.
Ve saludo a tuti quanti, un strucon de man. Ary Vidal - Lapa - Pr