A FAB (Força Aérea Brasileira) iniciou o quinto dia de buscas pelo Airbus A330 da Air France, que desapareceu no último domingo (31) quando sobrevoava o Atlântico, com cada vez menos esperança de achar sobreviventes. Nenhum corpo das 228 pessoas que estavam no voo 447 foi encontrado até agora, e as buscas já passam de cem horas.
Somente nesta quinta-feira, os aviões da FAB sobrevoaram 185.349 km quadrados, o que equivale ao Estado do Acre. De acordo com o brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor do Decea (diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo), as chances de encontrar os corpos dos ocupantes da aeronave são cada vez mais remotas.
"A cada momento diminui a probabilidade de encontrarmos os corpos, porque já estamos com mais de 100 horas do acidente e fica cada vez mais remota essa possibilidade", disse o brigadeiro, em entrevista concedida em Recife (PE).
Para a própria Air France, não há chance de haver sobreviventes do voo, segundo constatação transmitida ontem aos familiares de passageiros pelo presidente Pierre Henri Gourgeon. Um familiares de uma das vítimas contou ter testemunhado a conversa reservada quando foi confortar parentes das vítimas, a pedido das autoridades francesas.
Procurada pela Folha (veja íntegra, somente para assinantes), a assessoria de imprensa da Air France disse que não comentaria o relato e que somente o BEA (departamento de investigação e análise, na sigla em francês) daria informações sobre o acidente.
Busca inconclusiva
Nesta quinta-feira, a FAB informou que os destroços já retirados do Atlântico pelas equipes de buscas não são do Airbus. "Nenhum material do avião foi recolhido. O que nós vimos foram materiais pertencentes a uma aeronave que foram deixados por causa da prioridade de buscas de corpos", afirmou Cardoso. "Até o momento nenhum pedaço da aeronave foi recuperado."
A Aeronáutica informou que não haverá mudanças nos trabalhos de buscas pelo avião, que devem ser reforçados no fim de semana, com a chegada de aeronaves e embarcações da França. Os motivos do acidente ainda permanecem obscuros, inclusive para o órgão francês responsável pela investigação do acidente. O BEA (escritório de pesquisas e análises, na sigla em francês) afirmou nesta quinta-feira que as mensagens automáticas enviadas pela aeronave só ajudam a esclarecer duas coisas: que o avião passou por uma turbulência e uma tempestade.
Há certeza também de que o avião sofreu despressurização e uma pane elétrica, porque a aeronave enviou alerta automático do tipo durante o voo. Segundo eles, não é possível precisar a exata velocidade em que o avião voava. Ontem, fontes da investigação ouvidas pelo jornal "Le Monde" disseram que a velocidade "incorreta" de uma aeronave em meio a uma tempestade pode derrubá-lo.
O órgão francês alertou ainda para o risco de "interpretações erradas ou especulação" sobre a queda do Airbus. O BEA deve divulgar novos detalhes em entrevista coletiva neste sábado.
Folha on line
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