sexta-feira, 5 de junho de 2009

Veneza dá início a Bienal mais "magra"






Obra do fotógrafo paraense Luiz Braga na Bienal de Veneza, 53ª edição


A 53ª edição do evento terá 90 artistas, além de 77 representações nacionais; em 2007, foram 500 artistas, número recorde "O título é "Fazer Mundos" no maior número possível de línguas", explica curador da Bienal, que começa hoje para convidados MARIO GIOIADA REPORTAGEM LOCAL A Bienal de Veneza, mais tradicional exposição de artes do mundo, chega à sua 53ª edição mais enxuta e renovada. Tendo à frente o sueco Daniel Birnbaum, 46, o curador mais jovem da história do evento, a seção principal da Bienal terá 90 artistas, além das 77 representações nacionais. Com entrada para o público do próximo domingo a 22 de novembro, a abertura especial para convidados se estende de hoje a sábado.

Tudo bem mais discreto que a exposição anterior, em 2007, quando o curador norte-americano Robert Storr se orgulhava de destacar que comandava a maior edição da Bienal, com cerca de 500 artistas, entre os exibidos no Arsenale (uma antiga fábrica de cordas) e nos Giardini (onde os países mantêm seus pavilhões).

O recorte de Veneza parece ser mais experimental que o anterior. Storr assinou uma edição considerada por alguns críticos como "museológica", contando com nomes já consagrados em alguns dos principais espaços da mostra.

Já Birnbaum e seu cocurador, o alemão Jochen Volz, privilegiaram artistas com uma obra mais experimental, mesmo sendo de gerações diversas. A seleção vai desde nomes jovens, como a hispano-brasileira Sara Ramo, 34, a medalhões como John Baldessari, 77, e Yoko Ono, 76. Esses dois ganharão o prêmio máximo da Bienal, o Leão de Ouro.

Em entrevista à Folha por e-mail, Birnbaum e Volz dizem que a pluralidade pretendida na mostra é refletida já no seu título: "Fare Mondi, Making Worlds, Bantin Duniyan, Weltenmachen, Construire des Mondes, Fazer Mundos...".

"Um conceito para uma exposição grande como a Bienal de Veneza tem de ser amplo e generoso. Não pode funcionar como tema a ser ilustrado por meio de obras de arte -precisa suscitar perguntas ou conferir um espírito ao projeto como um todo", conta Birnbaum.

"O título desta Bienal é "Fazer Mundos" no maior número possível de línguas. Tem conotações bem diferentes em cada língua. No inglês, por exemplo, ela traz um sentido de trabalho artesanal; já em alemão, soa um pouco bombástico."

Volz, curador convidado da 27ª Bienal de São Paulo (2006) e curador licenciado do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), também destaca o caráter multicultural do evento.

"Em um mundo que tende a ficar cada vez mais homogêneo, é importante apontar para o pluralismo, com todos os problemas de tradução que o acompanham", diz Volz. "Mas não enxergamos nossa exposição como reação a bienais anteriores, embora tenhamos consciência dessa história."

Reformas
A curadoria de Veneza criou novos espaços para tentar surpreender o mundo da arte que passa pela cidade nesses dias. O Pavilhão Italiano, nos Giardini, ganhou novo nome -Palazzo delle Esposizioni-, foi ampliado em 1.000 m2 e vai servir de plataforma para eventos de áreas diversas, como cinema, arquitetura e dança.

Entre os pavilhões nacionais, artistas de peso exibirão obras, como Bruce Nauman (pelos EUA) e Steve McQueen (pelo Reino Unido). Haverá também novidades, principalmente vindas da estreia de países entre as representações, como Montenegro, Mônaco e Gabão.

"Em uma Bienal, é claro que esperamos ver coisas novas. Mas é de suma importância ter consciência de que a arte não é reinventada a cada dois anos", afirma Volz. "Com alguns artistas, você só se dá conta de sua relevância real depois de alguns anos ou décadas."


Mario Gioia
Da reportagem local
(© Folha de S. Paulo)/Italia Oggi

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