sábado, 18 de julho de 2009

Bento Gonçalves


Retrato de Bento Gonçalves, século XIX. Acervo do Museu Júlio de Castilhos

Bento Gonçalves da Silva (Triunfo, 23 de Setembro de 1788Pedras Brancas, 18 de Julho de 1847) foi um militar e revolucionário brasileiro, um dos líderes da Revolução Farroupilha, que buscava a independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil.

Filho do alféres português Joaquim Gonçalves da Silva e de Perpétua da Costa Meirelles, filha de Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcellos, rico fazendeiro riograndense, nasceu na Fazenda da Piedade, pertencente à família de sua mãe[1]. Seus pais desejavam encaminhar o filho para a carreira eclesiástica. Muito cedo, contudo, demonstrou que sua vocação era outra ao engajar-se nas guerrilhas da primeira campanha cisplatina (1811-1812). Na segunda campanha cisplatina (1816-1821), seu prestígio como militar se confirmou.

Na Guerra da Cisplatina ou Guerra del Brasil contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, foi comandante de cavalaria na batalha de Sarandi (12 de outubro de 1825) e na Batalha do Ituizangó, também chamada de batalha do Passo do Rosário (20 de Fevereiro de 1827), cobrindo a retirada das tropas brasileiras. Nestas campanhas, conquistou o posto de coronel de guerrilhas.

Em 1829, pelos serviços prestados na campanha de 1825-1828 e que terminou com a independência do Uruguai, D. Pedro I nomeou Bento Gonçalves coronel de estado-maior, confiando-lhe o comando do 4° Regimento de Cavalaria de Linha e, em seguida, da fronteira meridional.

Em 1834, denunciado como rebelde e acusado de manter entendimentos secretos com Juan Antonio Lavalleja para a separação do Rio Grande do Sul, foi chamado à Corte. Defendeu-se perante o ministro da Guerra, foi absolvido e teve recepção triunfal no regresso à província. Os conservadores, no entanto, conseguiram a destituição de Bento Gonçalves do comando militar da Província do Rio Grande. Foi eleito deputado provincial em 1835 na 1ª legislatura. Em 20 de abril de 1835, em plena sessão de instalação da assembléia provincial, é acusado pelo presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, de articular a separação do Rio Grande do Sul do restante do Império.

A Revolução Farroupilha iniciou-se em 20 de Setembro de 1835. No dia 25 daquele mês, o chefe militar declarou respeitar o juramento que havia prestado ao código sagrado, ao trono constitucional e à conservação da integridade do império. Em princípio, portanto, o levante não era de caráter separatista mas se dirigia contra o presidente da Província e Comandante das Armas. Mesmo assim, o Império não poderia aceitar a destituição de seus delegados - fosse por golpe ou não. Iniciava-se a luta que se estenderia por dez anos.

Na sua ausência, após retumbante vitória na Batalha do Seival, a República Riograndense foi proclamada pelo general Antônio de Sousa Netto em 11 de setembro de 1836.

Bento Gonçalves foi preso na Batalha do Fanfa (3 e 4 de outubro de 1836). Foi mandado para a Corte e depois encarcerado na prisão de Santa Cruz e mais tarde para o Forte da Laje, no Rio de Janeiro. Em 15 de março de 1837 em uma tentativa de fuga da prisão, Pedro Boticário não conseguiu passar por uma janela, por ser muito gordo. Em solidariedade Bento Gonçalves também desistiu da fuga, na qual escaparam Onofre Pires e o Coronel Corte Real. Depois desta tentativa de fuga foi transferido para a Bahia onde ficou preso no Forte do Mar. Mesmo preso, foi aclamado presidente em 6 de Novembro de 1836. Conseguiu, com auxílio da Maçonaria, evadir-se de modo espetacular da prisão baiana em 10 de Setembro de 1837, poucos dias antes do início da Sabinada. De volta ao Rio Grande, aceitou o cargo e continuou a luta.

Intrigas internas, num grupo desgastado pela longa guerra, em 1844, induzem Onofre Pires a destratar Bento Gonçalves, chamando-o de assassino (pelo assassinato de Paulino da Fontoura) e ladrão (das aspirações do povo, referindo-se ao teor da Constituição). Bento então convoca Onofre para um duelo, que se realiza em 27 de fevereiro de 1844. Onofre, atingido no duelo, dias depois viria a falecer por complicações advindas do ferimento.

A República Rio-Grandense teve seu fim na Paz de Poncho Verde, em 1º de março de 1845. Luís Alves de Lima e Silva - o Conde de Caxias -, general vitorioso, assumiu a presidência da Província. D. Pedro II, por sua vez, em sua primeira viagem como imperador pelas províncias do Império, foi ao Rio Grande em dezembro de 1845. Ao jovem monarca de vinte anos de idade, apresentou-se Bento Gonçalves, com seu uniforme de coronel e revestido de todas as medalhas com que havia sido condecorado por D. Pedro I, pela atuação nas campanhas militares do Primeiro Reinado.

Após o fim da revolta, Bento Gonçalves retornou para as atividades do campo sem interessar-se mais por política, Morreu dois anos depois, acometido de pleurisia, deixando viúva Caetana Garcia e oito filhos. Seus restos mortais encontram-se sob monumento na Praça Tamandaré situada no município de Rio Grande.

Wikipédia

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