sexta-feira, 24 de julho de 2009

Festa da uva 2010 - Nos trilhos da história, a estação da colheita


A Festa da Uva de 2010 tem como fundamento quatro eixos que são: a Tradição, a Integração, o Desenvolvimento e as Origens. Os eixos juntos originam o tema que é: Nos trilhos da história, a estação da colheita.



O primeiro eixo é a Tradição:
A uva vem a ser o primeiro produto a ser produzido, juntamente com o trigo. Os grãos e a agricultura são as molas mestras deste período. Para entendê-lo, deve-se pensar nos primeiros 35 anos da imigração italiana e no trabalho braçal, necessário à produção agrícola. Há uma intensa adaptação do homem ao local que submete a natureza e a domina. Neste período são plantados os vinhedos e estes geram o grão que se transformará, pelo trabalho, em vinho. O trabalho em torno do vinho é a primeira Indústria de Caxias do Sul e da região. Esta indústria fez a região se desenvolver em primeiro. Em torno do plantio dos vinhedos, da poda da parreira e dos cuidados com a colheita há o reconhecimento do trabalho de toda a família: filhos pequenos, moças, rapazes, homens e mulheres e os mais velhos, todos se envolvem no cuidado dos vinhedos e na colheita da uva. Em torno disto, a artesania em torno da uva: os trançados das cestas de vime envolvem a uva e o pão, e, no carregamento artesanal, o zerlo às costas é a solução para as encostas íngremes com que tem de se haver o colono na hora do transporte da uva. Carroças puxadas por mulas também fazem este transporte. A produção faz surgir algumas cantinas e estas começam, devagar, a escoar o produto, mas as estradas são ruins e há dificuldades mesmo nas pequenas travessias. A economia se desenvolve em ritmo lento. Há, porém, o aumento de produção. Antes de comprar a funilaria de seu pai, Abramo Eberle viaja de carreta a São Paulo e vende produtos da colônia. Seus primeiros clientes - que serão seus por muito tempo- compram o primeiro produto da colônia: o vinho.

O segundo eixo é a Integração:
A integração viria a se resolver com o escoamento do produto de maneira mais ágil quando da chegada do trem, em 1º de Junho de 1910. A Vila é elevada à categoria de cidade no mesmo dia, em anúncio no Baile do Clube Juvenil. O trem vem ligar Caxias a Montenegro e a Porto Alegre, passando por toda a região. As cantinas têm como escoar o produto e os tanoeiros destas cantinas começam a fabricar, em escala, um sem número de pipas de madeira, que por sua vez, são transportadas de trem para Porto Alegre e seguem de navio para São Paulo, onde é comercializado. As cantinas se estabelecem próximas à Estação e o moinho de Aristides Germani segue o mesmo caminho. Agora o trem leva pessoas, trigo e farinha para vender fora. O crescimento econômico é imediato. As cidades vizinhas começam a realizar o comércio com Caxias e as cidades de longe também. Chegam em Caxias as gentes vindas de todo o lugar. No começo, vêm os parentes das colônias distantes, visitar os seus. Depois vêm os que começam a se estabelecer na cidade, a procura de trabalho. Os comerciantes de fora vêm para Caxias comerciar. Estabelece-se um fluxo permanente de pessoas, objetos e produtos. O vinho é exportado para fora juntamente com os grãos. A cidade que era toda construída de madeira começa a dar lugar aos prédios de alvenaria das cantinas. Algumas casas começam de alvenaria começam a ser construídas. A paisagem urbana tem seu primeiro esboço. O trem mudaria a vida da pequena vila para sempre, de modo inexorável.

O terceiro eixo é o do Desenvolvimento:
Com o afluxo de pessoas e de mercadorias transportadas pelos vagões dos trens, as linhas de comércio se cruzam. O crescimento se faz notar pela abertura de casas de comércio, e a pequena indústria metalúrgica, que se iniciara alguns anos antes esboça um crescimento real e duradouro. A economia avança e o trem acelera o ritmo da vida da pequena cidade que cresce e se multiplica. Os níveis aumentam em todos os setores da vida pública e privada. Escolas, Igrejas, Casas de Comércio – e entre elas a Livraria Saldanha- pequenas Indústrias, Cantinas, Moinhos, tudo ganha ares modernos para a época e Caxias passa a acompanhar alguns aspectos de renovação também vistos em outras cidades maiores. O Desenvolvimento dá vazão ao trabalho ainda braçal de todo um povo que cultiva o trabalho como uma promessa de futuro que se realizará. E este se confirma quando a economia gera a riqueza que passa a existir onde havia somente esperança. As colheitas são abundantes e Caxias cresce em ritmo maior do que o ritmo de outras cidades, porque o povo é industrioso e todos trabalham sem cessar. Às portas do cinqüentenário é possível ver a cidade mudada, como se o trem tivesse não só trazido a integração, mas a possibilidade de ver as coisas com mais cor, com mais vida, pela novidade que traziam. Os primeiros trinta anos são de trabalho redobrado. Esta cidade irá crescer sob o sacrifício de várias gerações.

O quarto eixo é a volta às Origens:
As origens nos remetem à simplicidade e ao despojamento na forma do tudo quanto perpassava a mão do homem, que seja na artesania, na construção das casas, quer seja na forma habitual dos costumes, na roupa dos colonos e em seus gestos. A simplicidade volta como valor e o despojamento é a marca desta época. O colono que construiu a cidade com seu trabalho esparanhava (poupava) o quanto pudesse, e neste sentido vivia, para o sacrifício do trabalho, no sentido religioso do termo, e para crescer, seja no número da família, seja na compra de terras, ou na compra de uma casa de comércio, etc., como forma de afirmar a vida em torno dos bens tangíveis, uma vez que os bens intangíveis era a preocupação espiritual delegada à Igreja. Nos trilhos da vida as linhas se entrecruzaram de diversos modos entre todas as famílias e os tempos exigem o mesmo paciente trabalho daquela época, e a mesma esperança. A colheita virá, sabemos que virá, mas para haver colheita é preciso o plantio, a poda e o cuidado, o trabalho e a esperança permanentes. Só podemos olhar para o passado com o olhar de contemplação se a memória do vivido nos leva ao crescimento, como afirma o no tema da Festa da Uva: Nos trilhos da história, a estação da colheita.

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